Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), fez acusações ao deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), em entrevista coletiva à imprensa hoje (11). Há quase duas semanas, Severino e Gabeira tiveram uma discussão no plenário da Câmara.
"O que o Gabeira faz eu não faço. Eu não ando com maconha nem com tóxicos, nem freqüento bares onde jovens tomam maconha, fumam maconha", disse hoje, durante a entrevista concedida para rebater as acusações do empresário Sebastião Buani de que Severino recebia R$ 10 mil de mesada para autorizar o funcionamento de um restaurante na Câmara.
No dia 30 de agosto, os dois deputados tiveram uma discussão quando Gabeira, nervoso, fez comentários sobre uma entrevista que o presidente da Câmara havia concedido.
"Vossa Excelência concedeu uma entrevista à Folha de S. Paulo não compatível com um presidente da Câmara, interferindo, em nome da Câmara dos Deputados, a favor de uma empresa que mantém trabalho escravo. Telefonou para a Ipiranga, uma empresa particular, assim como para a BR - Distribuidora, uma empresa estatal", afirmou Gabeira no plenário da Câmara.
Em outro trecho do pronunciamento, Gabeira disse: "Vossa Excelência está se comportando de uma maneira indigna no cargo de presidente da Câmara dos Deputados. Estou reclamando porque ainda não posso entrar, no Conselho de Ética, contra Vossa Excelência. Sou um deputado isolado, mas afirmo que Vossa Excelência está em contradição com o Brasil. A sua presença na presidência da Câmara é um desastre para o Brasil e para a imagem do país. Ou Vossa Excelência começa a ficar calado, ou vamos iniciar um movimento para derrubá-lo. Voltaremos".
Hoje, durante a entrevista, o presidente da Câmara começou a citar o deputado Gabeira dizendo que foi "inquirido" pelos homossexuais, "com Gabeira à frente", numa audiência concedida em março deste ano. "Eu disse na cara deles: eu irei votar contra vocês", afirmou.
Na ocasião, 35 representantes de 15 entidades de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e simpatizantes pediram a Severino Cavalcanti a votação de projetos de interesse dos homossexuais. Entre estes projetos estavam a união civil de homossexuais e a criminalização dos casos de discriminação por orientação sexual. Severino prometeu atuar como "magistrado", na ocasião.
Quando indagado por um repórter como havia feito uma campanha tão barata para deputado federal, com gastos declarados em torno de R$ 60 mil, Severino atribuiu esses custos aos 40 anos de vida pública e à sua sinceridade. "Tenho voto pelo meu trabalho, sou um homem de fé, cristão", disse. Acrescentou que muitos amigos contribuem com sua campanha sem sequer avisá-lo.
O deputado Dr. Benedito Dias (PP-AP) entrou, no dia 31 de agosto, dia seguinte às declarações, com representação à Mesa da Câmara pedindo a abertura de processo de cassação do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) por quebra de decoro parlamentar.