Combate à prostituição infantil deve ser feito por toda a sociedade, diz psicóloga

10/09/2005 - 8h04

Aline Beckestein
Repórter da Agência Brasil

Rio - O combate à prostituição infanto-juvenil deve passar por um trabalho envolvendo tanto os meios repressivos quanto de sensibilização da sociedade sobre seus próprios preconceitos. A afimação é da psicóloga Doris Woolcott, da organização não-governamental peruana El Pozo, que apresentou um estudo sobre o assunto durante esta semana na 3ª Assembléia Internacional da End Child Prostituition Child Pornography and Trafficking of Children for Sexual Purposes (ECPTA). O encontro, que termina hoje, no Rio, reúne representantes de 67 países que lutam pelos direitos da criança.

Segundo a psicóloga, a sociedade tende a encarar a prostituição infanto-juvenil como um problema relativo basicamente aos jovens prostituídos e seus agenciadores e não originários da própria demanda dos clientes. "Quando as pessoas buscam as causas do problema, elas costumam responsabilizar a situação econômica dessas meninas ou a falta de estrutura familiar. O homem, que é o cliente, é visto como alguém que meramente paga por um serviço que lhe é oferecido", disse.

Doris Woolcott ainda afirmou que embora a sociedade repudie a prostituição infantil, costuma ser mais complacente com a prostituição das jovens."A prostituição na infância é criticada pela idade, já na adolescência, quando as meninas começam a apresentar um corpo de mulher, passa a ser vista como um problema referente a essas jovens e a seus agenciadores. Mas nunca é questionada como um problema do homem, de uma sociedade que respalda essa atitude baseada em conceitos machistas."

Para a psicóloga, o combate à exploração infanto-juvenil deve ser feito não só por órgãos ligados diretamente à questão, como juizados e polícias; mas por todas as instituições, como escolas e meios de comunicação enfatizando "tantos os aspectos punitivos como atacando de vez um imaginário social que estimula e exime a culpa dos clientes", sugere Doris Woolcott.