Queda do desmatamento se deve a ações do estado e da sociedade, avalia ministra

29/08/2005 - 14h35

Fábio Calvetti
Da Agência Brasil

São Paulo – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, negou na manhã de hoje que a tendência de redução do desmatamento da Amazônia se deva ao desaquecimento da agricultura. De acordo com a ministra, a queda de cerca de 50% na área desmatada nos últimos 11 meses é resultado de ações dos governos federais e estaduais, além da sociedade.

Na semana passada, a superintendente de Conservação da organização não-governamental World Wild Fund no Brasil (WWF-Brasil), Rosa Lemos de Sá, afirmou que a diminuição dos níveis de desmatamento foi conseqüência do desaquecimento econômico registrado nos últimos meses, particularmente à queda do preço da soja.

A ministra não concorda com a posição da WWF. "Atribuir apenas à questão das commodities a tendência de redução do desmatamento é talvez subestimar o esforço que vem sendo feito pelo estado brasileiro, pelas várias organizações da sociedade, que participaram de vários seminários junto com o Ministério do Meio Ambiente", pontuou. "Além de desconhecer uma estratégia que é fundamental que é a do ordenamento territorial e fundiário na Amazônia e a ferramenta estruturante da criação de unidades de conservação e homologação de terras indígenas, que, com certeza, criaram uma barreira na fronteira da utilização predatória dos recursos."

Segundo Marina Silva, a diminuição do desmatamento se deve principalmente a ações como a criação de unidades de conservação das florestas, as parcerias com governos estaduais e a fiscalização integrada com a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária, o exército e o Ibama. Além disso, Marina Silva também afirmou que a ação conjunta de 13 ministérios colaborou para a queda do desmatamento.

A ministra ressaltou também que um reaquecimento econômico do setor agrário, principalmente a produção de soja, não aumentará o desmatamento na região Norte. "Nós entendemos que existe um processo estruturante que está em curso na Amazônia e este se refletirá também na forma de ocupação para produção de grãos, que deve acontecer em bases sustentáveis", disse a ministra.

Marina Silva participou na manhã de hoje em São Paulo da abertura do Programa de Formação de Líderes Sindicais como Educadores Ambientais, uma iniciativa conjunta de seu ministério com a Comissão Nacional do Meio Ambiente, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase, organização não-governamental voltada para a promoção dos direitos humanos).