Pesquisadora diz que mapeamento da cultura local pode gerar renda para população pobre

29/08/2005 - 13h17

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil

Rio - A identificação das riquezas culturais de cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) pode contribuir para a geração de emprego e renda da população carente. A proposta foi apresentada hoje (29) pela Coordenadora de Implantação e Desenvolvimento de Projetos do Instituto Gênesis, da Pontifície Universidade Católica (PUC -RJ), Mônica Deluqui, no 4º Seminário Permanente Políticas Públicas de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.

Deluqui estuda a relação entre cultura e desenvolvimento. Segundo ela, apesar do turismo e da cultura faturarem milhões, não há informação objetiva, ordenação, detalhamento e nem conhecimento das riquezas culturais existentes em diversas regiões.

Durante três meses, a coordenadora desenvolveu um projeto piloto no circuito eco-rural do município de Silva Jardim. Foram ouvidas 75 pessoas e identificadas 40 atividades para a futura geração de renda, através de associações e circuitos alternativos. Entre elas, minérios, lendas locais, produção literária, engenhos de cana de açúcar, casas de farinha e grupos de artesãos, entre outros, informações que não constam na lista de atrativos da cidade.

"A gente defende uma metodologia participativa. No Brasil, precisamos gerar renda não só para as camadas favorecidas. Essa metodologia trabalha com a população local que se sente co-autora por participar desse trabalho, identificando os valores locais. Numa cidade, os formadores de opinião dizem quais são os valores culturais, mas se você vai à população, esses valores locais são trezentas vezes mais ricos".

Segundo a coordenadora, o levantamento facilita a criação de grupos e associações, ajuda o Sebrae a trabalhar na região e contribui para a Prefeitura planejar ações.

O 4º Seminário Permanente Políticas Públicas de Cultura do Estado do Rio de Janeiro foi promovido pela Comissão Estadual de Gestores de Cultura (ComCultura RJ), no Teatro Noel Rosa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O evento é realizado desde 2002 e este ano conta com o apoio do Ministério da Cultura, que deve publicar as palestras.