Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Do número total de pobres no mundo (1,3 bilhão), uma população de 520 milhões (quase três vezes a do Brasil) vive na extrema pobreza. O cálculo é do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Glauco Arbix, que considera o rendimento dessas pessoas. Ele diz que os dados seguem uma referência internacional utilizada pelo Banco Mundial e pela Organização das Nações Unidas (ONU), que se baseia na renda. "Quem vive com menos de meio salário mínimo é pobre, e quem recebe um quarto do salário mínimo, extremamente pobre", disse Arbix.
No Brasil, país de 180 milhões de habitantes, vivem em situação de pobreza cerca de 45 milhões de pessoas. Para Arbix, é preciso levar em consideração outros fatores ainda para gerar números que meçam a pobreza de forma mais abrangente. Ele destaca que o governo brasileiro vem trabalhando há um ano para criar uma metodologia capaz de mapear a pobreza de acordo com a realidade de cada região, de forma que auxilie na elaboração de políticas públicas que melhorem essa situação.
"Estamos trabalhando com grupos de vários ministérios, levantando uma tipologia de regiões para definir algumas bandas de pobreza para o Brasil. Nossa primeira tendência é trabalhar com a idéia de separar a cidade do campo. Essa situação é diferente no Nordeste e no Sul. Alguém que mora no interior da Bahia precisa da mesma coisa para sobreviver que alguém que mora na periferia de São Paulo, quer dizer, o acesso aos bens, ao transporte?", questionou.
Para Arbix, o Brasil é um país muito grande para ter apenas uma linha definidora de pobreza. "As condições das famílias são diferentes, então, essa idéia de que tem uma linha definidora não se sustenta, nem pela metodologia nem pela realidade", afirmou.
Ele participou hoje da abertura da Conferência Internacional As Muitas Dimensões da Pobreza, que acontece em Brasília até a próxima quarta-feira. O encontro reúne cerca de 50 especialistas e acadêmicos de todo o mundo.