Daisy Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Rio - Uma pessoa não fumante exposta à fumaça de cigarro corre praticamente o mesmo risco de ter câncer no pulmão. A afirmação é da coordenadora do Programa Nacional de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Tânia Cavalcante.
Hoje (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Inca está realizando uma ampla campanha de conscientização nas ruas, bares e restaurantes, sobre os riscos do fumo à saúde e sobre a necessidade do cumprimento da lei número 9.294/96, que proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos e cachimbos em locais fechados, públicos ou privados, exceto em áreas de uso exclusivo para fumantes, desde que devidamente isoladas e arejadas adequadamente.
Segundo Tânia Cavalcante, a fumaça que polui o ambiente tem aproximadamente 15 vezes mais nicotina, 21 vezes mais monóxido de carbono e de 10 a 50 vezes mais substâncias cancerígenas, o que mostra que as áreas reservadas pelos estabelecimentos para fumantes e não fumantes não protegem as pessoas dos males causados pelo fumo. "Pessoas que fumam de um a seis cigarros por dia correm um risco seis vezes maior de ter câncer de pulmão, e uma pessoa que se expõe passivamente à fumaça corresponde a alguém que fuma quatro a dez cigarros por dia, e corre um risco desnecessário de ter um câncer no pulmão", alertou a coordenadora do instituto.
Pesquisa da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e da Escola de Saúde Pública John Hopkins Bloomberg, dos Estados Unidos, realizada entre 2002 e 2003, revelou que os bares e restaurantes do Rio têm o segundo maior índice de poluição provocada pela fumaça de cigarro em toda América Latina; só perdem para os de Buenos Aires, na Argentina. Apesar dessa colocação, os dados revelam que apenas 17,5% dos cariocas fumam, enquanto em Buenos Aires, 39,8% da população são fumantes.
Os pesquisadores instalaram 633 medidores em escolas, hospitais, aeroportos, prédios do governo e restaurantes para estimar a concentração de nicotina em recintos fechados em seis cidades da América do Sul. Além do Rio e de Buenos Aires, os pesquisadores foram a Montevidéu, no Uruguai; Santiago, no Chile; São José, na Costa Rica; e Assunção, no Paraguai.
De acordo com a coordenadora do Inca, apesar de existir uma legislação que proíbe o fumo em ambientes fechados e do artigo 1567 da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT, que atribui à empresa a responsabilidade de evitar que seus empregados fiquem expostos aos riscos ocupacionais causados pelo fumo, muitos estabelecimentos desrespeitam a lei, trazendo riscos à saúde dos clientes e funcionários.