Mantega: Governo não cogita superávit primário superior a 4,25% do PIB

26/08/2005 - 17h12

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, garantiu hoje, no Rio, que o governo não cogita em aumentar o superávit e que a meta prevista de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB), definida na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) no ano passado está mantida.

"Não há discussão no âmbito do governo da necessidade de se elevar o superávit do país. Ele foi definido na LDO do ano passado, que fixou o orçamento para este ano – que, aliás, eu tive a ocasião de coordenar, enquanto ministro do Planejamento".

Segundo Guido Mantega, o que vem se discutindo no governo é a necessidade de redução de algumas despesas de custeio, tentar ganhar eficiência com programas de choque de gestão, e isto está sendo feito.

"A minha posição é que, ao invés de traduzir estes ganhos em aumento do superávit primário, você deve, sim, aumentar os investimento em infraestrutura - na construção e pavimentação de estradas, nos portos. Porque é exatamente a melhoria na infraestrutura logística do transporte que vai viabilizar o aumento das exportações. Evitando, com isto, que se crie gargalos que freiem a economia", defendeu Mantega.

O presidente do BNDES, disse, ainda, que, em nenhum momento viu o ministro Palocci defendendo o aumento do superávit para 5% do PIB, como alguns jornais publicaram. "Ao contrário, eu até ouvir o ministro falando que ele não tinha simpatia nem era favorável ao projeto de déficit nominal zero. O governo, neste momento, deve fazer um esforço grande em investimentos porque o país está crescendo de maneira expressiva desde o ano passado. Este ano, vamos crescer mais 3,5% a 4%. O setor de comércio exterior está crescendo de maneira ainda mais expressiva – em torno de 20% ao ano. E isto cria uma forte exigência da logística de transporte, o que pode nos levar a pontos de estrangulamento".

Guido Mantega disse que o governo deve se antecipar a esta possibilidade de estrangulamento dos meios de escoamento da produção fazendo investimentos neste setor, "para não aumentar os custos da produção brasileira e reduzir a competitividade de nossos produtos. O importante é que se cumpra o orçamento para 2005, que implica em investimentos da ordem de R$ 12 a 13 bilhões".