Associação de mulheres aguarda Ministério da Saúde para ampliar produção de cosmésticos naturais

26/08/2005 - 11h16

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus - A Associação Vida Verde da Amazônia (Avive) reúne 45 mulheres da cidade de Silves, no Amazonas, com o objetivo de divulgar o conhecimento e as utilidades das plantas medicinais da região, além de produzir óleos essenciais para elaboração de cosméticos naturais. Elas fabricam entre 500 e mil sabonetes por mês, o que rende um salário mínimo por pessoa. Para ampliar a produção e o faturamento, elas precisam receber autorização do Ministério da Saúde.

"Nossa meta mínima é a produção de 15 mil sabonetes por mês. Estamos há três anos tentando implantar uma infra-estrutura profissional, mas esbarramos em regras impossíveis de se cumprir no interior da Amazônia", afirma Bárbara Schmal, uma das fundadoras da Avive, em entrevista à Rádio Nacional (Amazônia).

As regras do Ministério da Saúde estabelecem critérios para a fabricação comercial de cosméticos, que vão desde a disposição das bancadas até a existência de um laboratório de controle de qualidade do produto. "É preciso que o responsável técnico, químico ou farmacêutico, more na localidade. Agora eu pergunto: qual profissional desse nível vai querer morar em Silves? Nem que seja por paixão, ele precisa se sustentar e nós não temos condições de pagar um técnico assim. Não existem alternativas para empreendimentos como o nosso atingir o nível profissional que as mulheres querem e merecem", diz Bárbara.

A Avive surgiu no início de 1999, a partir de um treinamento comunitário sobre plantas medicinais. Até julho de 2001, a organização contou com apoio técnico e financeiro da organização não-governamental WWF. Em março de 2000, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) de Manaus passou a ser parceiro da associação, fornecendo-lhe consultoria e divulgação. Desde novembro de 2002 até novembro deste ano, a Avive também recebe o apoio do Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (ProVárzea/Ibama). São R$ 427 mil para investimentos na organização social e produtiva.

Em 2002, as mulheres da Avive criaram uma cooperativa para poder remunerar suas associadas. Com o modelo de associação sem fins lucrativos, o lucro da venda dos cosméticos teria que ser reinvestido na própria entidade. O trabalho delas também ganhou projeção internacional: Maria da Conceição Russo, uma das cooperadas, venceu o Prêmio da Mulher Empreendedora 2005, organizado pelo Sebrae e participou de um congresso na Suíça. "Eu acho que a Avive ajudou a melhorar a auto-estima dessas mulheres. Projetos assim são uma boa alternativa de valorizar a mão-de-obra feminina na região, no interior em especial", afirma Bárbara.

Por meio do ProVárzea, a Avive também conseguiu aprovar neste ano, junto ao Banco Mundial, o Projeto Jovens Artesãos de Silves, com duração de seis meses e valor de US$ 10 mil. "Concorremos com mais de 400 projetos da América Latina. Estamos trabalhando com um grupo de 25 jovens, filhos e filhas das associadas e dos parceiros comunitários. Eles formaram grupos de trabalho em entalhe em madeira, cerâmica, cestaria e bijuteria".

O ProVárzea/Ibama faz parte do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e financiado por uma cooperação internacional.