Membros do Conselho de Desenvolvimento apóiam Lula, mas pedem atitudes mais rigorosas

25/08/2005 - 19h29

Brasília, 25/8/2005 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu, na reunião de hoje do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), palavras de apoio e confiança em seu governo, mas também cobrança de atitudes mais rigorosas diante das denúncias de corrupção.

Um dos conselheiros, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e região, Jorge Nazareno, disse que o povo também se sente traído e pediu a punição daqueles "que deixaram de lado nossas bandeiras e objetivos" porque "não podem ter o direito de destruir nossa história".

Nazareno sugeriu que o presidente Lula tenha encontros com representantes dos movimentos sindicais e sociais, assim como fez com os empresários. "Convoque aqueles que sonharam e lutaram a seu lado para construir a estrada do desenvolvimento deste país. Tenho certeza de que não faltarão brasileiros e brasileiras para este trabalho", ressaltou.

Para o conselheiro Ricardo Young, do Instituto Ethos, a democracia brasileira chora porque "há uma percepção de que as pessoas que deveriam ser as guardiãs das instituições falharam no cumprimento de seu dever". Young lembrou que a crise política não é uma crise do governo Lula, mas de um sistema político "exaurido por séculos de espoliações e que, portanto, serve cada vez mais a menos pessoas".

Segundo ele, é hora de uma limpeza ética no país. "Presidente, assuma as rédeas da nação, sem receio e com determinação. Não é hora de recuar, mas de ditar o rumo a seguir. Vá fundo no combate à corrupção e à impunidade. Vá fundo nas medidas que podem fazer do Brasil um lugar melhor para se viver. Esta crise não é a crise do governo Lula, quem assim fala e difunde está agindo de má-fé", destacou.

De acordo com Ricardo Young, é preciso "entender quais são as forças que têm sabotado as instituições". "Precisamos cobrar o seu funcionamento, precisamos afastar de vez a tragédia da impunidade, do descrédito popular de que a justiça só funciona para os pobres. Precisamos passar o país a limpo e esta crise anuncia que esse tempo chegou", disse ele.

O conselheiro destacou que o bom andamento da economia não pode "eclipsar o mal-estar da sociedade, não pode servir de pretexto para que se protele a convocação que a história lhe faz para passar este país a limpo".