Copom sinaliza mudança na política de juros

25/08/2005 - 11h24

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central promete acompanhar, atentamente, o comportamento dos preços até sua próxima reunião, nos dias 13 e 14 de setembro. Só então o colegiado vai "definir os próximos passos na estratégia de política monetária" implementada desde setembro do ano passado, que elevou a taxa básica de juros (Selic) de 16% para os atuais 19,75% ao ano.

Isso é o que consta na ata da reunião que o Copom realizou na semana passada e o BC divulgou hoje. A ata não menciona mais a necessidade de manter a Selic alta por "um tempo suficientemente longo", como defendia desde maio último, quando parou o processo de elevação constante dos juros.

O colegiado considerou que, entre as reuniões de julho e agosto, houve redução de 5,66% para 5,40% na média das expectativas anuais do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A queda, registrada pelo terceiro mês seguido, contribuía para aproximar o cenário de mercado da meta oficial de 5,1% para a inflação de 2005.

"Isso pode ser visto como indício de que as expectativas para horizontes mais longos contribuem para arrefecer as pressões inflacionárias", informa o documento. A ata acrescenta que o aperto na política monetária, além de conter a inflação no curto prazo, "contribuiu para a consolidação de um ambiente macroeconômico cada vez mais favorável no longo prazo".

O documento do Copom reafirma o diagnóstico de que os efeitos do ciclo de aumentos da Selic são sentidos tanto nos resultados recentes da inflação quanto nas projeções do BC e dos analistas do setor privado. Ademais, a atividade econômica deve continuar em expansão, mas em "ritmo condizente" com as condições de oferta, de modo a não pressionar a inflação.

A diretoria do BC externa assim, mais uma vez, os temores de que o crescimento econômico alimente a inflação para além dos controles aplicados. Por isso, defende o desenvolvimento contido e acena para os riscos inflacionários da elevação recente dos preços internacionais do petróleo. Apesar disso, o Copom entende que "o cenário externo continua favorável".