Para Palocci, houve 'equívoco de procedimento' na divulgação do depoimento de Buratti

21/08/2005 - 18h36

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, defendeu hoje que houve "equívoco de procedimento" na divulgação da investigação de denúncias de corrupção na prefeitura de Ribeirão Preto. Na avaliação do ministro, os promotores do Ministério Público de São Paulo se anteciparam em divulgar o depoimento do advogado Rogério Buratti, ex-secretário de Palocci na prefeitura.

"Acho que existiu indiscrição de autoridades. Autoridades que saem no meio de um depoimento e contam parte do depoimento estão sendo indiscretas, legalmente indiscretas", disse Palocci em entrevista coletiva.

Em depoimento na sexta-feira (19), Buratti afirmou que Palocci recebeu quando era prefeito de Ribeiro Preto R$ 50 mil mensais da empresa Leão&Leão para favorecê-la na licitação de serviço de limpeza urbana. O ministro lembrou que o advogado do ex-assessor revelou que Buratti pode ter citado esse esquema para justificar a delação premiada concedida a ele pela Justiça. A delação prevê a redução de pena em troca de informações que favoreçam a investigação.

Para Palocci, Buratti estava em situação de "completo constrangimento" quando depôs. "Não achei correto os procedimentos dos promotores de São Paulo que se apressaram em divulgar um depoimento que tinha apenas começado, que traduziram palavras do depoente", disse o ministro.

O ministro ressaltou que é preciso que as investigações ocorram dentro das normas legais para evitar que sejam divulgadas acusações falsas. Segundo Palocci, a investigação não revelou nenhuma prova de sua ligação com o esquema de empresários do setor de coleta de lixo. "Temos que ter sempre a preocupação é de que os procedimentos ocorram dentro das normas legais porque senão a honra das pessoas, os processos em andamento podem ser desvirtuados, podem ser degradados, podem ser corroídos de forma absolutamente injusta", disse.

Palocci afirmou que as observações sobre a atuação dos promotores não têm o objetivo de atingir a instituição. "Não quero utilizar esses equívocos de procedimento, essas ilações que são feitas para cobrir coisas que eu deva esclarecer e que quero esclarecer", justificou.