Quarto consumidor mundial em agrotóxicos, Brasil tem regras mais rígidas do Mercosul

08/08/2005 - 16h14

Diego Freire
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A liberação para que agrotóxicos sejam importados dos países do Mercosul é ainda mais arriscada porque o Brasil possui as regras mais rígidas para o assunto entre os quatro integrantes do bloco. "Eu não gostaria de citar outros países aqui mas, mesmo no âmbito do Mercosul, nós somos o único que faz a avaliação toxicológica, por exemplo", compara Letícia Rodrigues da Silva, gerente de normatização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Tem um outro país, que encaminha para um centro de informação fazer", afirmou, em entrevista Programa Revista Brasil, na Rádio Nacional AM. "Tem um segundo país que encaminha para um consultor, que não é nem no âmbito governamental, é um consultor que emite um parecer para as empresas, dizendo se aquele produto vai ter efeito", diz. "Tem um terceiro país no âmbito do Mercosul que não tem avaliação toxicológica alguma".

Segundo Letícia, o Brasil é o quarto consumidor mundial de agrotóxicos e maior da América Latina. Para ela, isso "é bom e ruim". Do ponto de vista da produção agrícola, demonstra que o setor possui equipamentos de tecnologia.

Mas para a área da saúde é preocupante "Por mais que se faça uma avaliação tecnológica com esses produtos para o consumo sempre tem riscos que poderão causar para a saúde do ser humano"

O Brasil, que possui os critérios mais rígidos do Mercosul para avaliação de novos agrotóxicos, poderá agora importar esse tipo de produto dos países vizinhos. A nova regra, determinada por meio de portaria no Diário Oficial da União, fazia parte das reivindicações do "Tratoraço, um Alerta do Campo", ato organizado por grandes agricultores em Brasília. O argumento para a liberação é de que seria necessário importar agrotóxicos para uso em emergências, no caso de detectar uma nova praga.