Organização Mundial do Comércio quer acelerar calendário rumo à Hong Kong

08/08/2005 - 5h58

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A partir de setembro, após o recesso do verão europeu, os 148 países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) começam uma corrida contra o calendário. Países ricos e pobres, reunidos na sede da OMC em Genebra entre os dias 27 e 29 de julho, concluíram que será preciso muito trabalho e disposição política para recuperar o tempo perdido.

Só assim, será possível evitar que a 6ª Reunião Ministerial da OMC, agendada para dezembro em Hong Kong, repita os fracassos de Seattle (1999) e Cancún (2003). "Não é que não houve nenhum avanço. Ocorreram, mas foram muito aquém do que se estimava", resume o embaixador Clodoaldo Hugueney, subsecretário-geral de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores, chefe da delegação brasileira na reunião do Conselho geral da OMC.

"Se esperava que houvesse uma base muito mais sólida para Hong Kong. O que acontece agora é que falta fazer muito mais do que se imaginava", lamenta. O mecanismo para conseguir a base que o embaixador esperava é o chamado "pacote de julho".

Nesse acordo, foram retirados da agenda temas complexos, como compras governamentais e investimentos, e centrou as negociações em Agricultura, Acesso a Mercados de produtos Não Agrícolas (NAMA) e Serviços.

A agenda dos comitês de negociação é retomar os trabalhos a partir de setembro. Nova reunião do Conselho Geral acontecerá em outubro. Também estão previstas pelo menos duas reuniões mini-ministeriais antes da cúpula de Hong Kong que, teoricamente, deveria fechar a Rodada de Doha. "Acho que é preciso aproveitar este período de agosto para todo mundo refletir, considerar onde devem ser feitos os movimentos e voltar em setembro com um novo espírito, Não adianta tentar fazer avanços se não há uma disposição negociadora, sobretudo por parte dos dois grandes, Estados Unidos e União Européia", conclui o embaixador Clodoaldo Hugueney.