Membros da CPI dos Correios divergem sobre envio de nomes de deputados ao Conselho de Ética

08/08/2005 - 18h54

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A decisão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios de encaminhar ao Conselho de Ética da Câmara, provavelmente nesta semana, os nomes de deputados envolvidos com os saques feitos nas contas de empresas do empresário Marcos Valério de Souza, não conta com o apoio integral de parlamentares da comissão.

O líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), disse que a base governista vai realizar uma reunião amanhã (9) para discutir o assunto. "Está havendo uma certa rivalidade entre as duas CPIs – a dos Correios e a do Mensalão. Uma turma da CPI dos Correios não quer afrouxar assuntos que seriam privativas da CPI do Mensalão", afirmou o senador, que participa das duas comissões.

Na sexta-feira (5), o presidente da CPMI do Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), anunciaram a decisão de analisar os nomes dos 18 deputados federais citados direta ou indiretamente nas investigações e enviar diretamente ao Conselho de Ética os nomes dos que estariam comprovadamente envolvidos com o pagamento de mesadas ou utilização de caixa 2.

Ney Suassuna, no entanto, afirmou que "é muito possível que o relatório parcial (com os nomes dos deputados) não seja votado pelo plenário da CPMI". No entender do senador, essa decisão significa "uma marcha para o atrito". Ele não descartou, em último caso, a possibilidade de se "bater chapa" (votar a proposta) na hora em que o assunto for colocado ao plenário da Comissão.

Já para o senador Tião Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente do Senado, "o Congresso tem que dar uma resposta moral, constitucional e jurídica para essa questão". Na opinião de Viana, a Comissão tem legitimidade regimental para tomar a decisão anunciada na última sexta-feira. Ele ressaltou que "99% dos representantes políticos têm interesse em resolver essa crise, para que se possa buscar a retomada do desenvolvimento do país".