Bianca Paiva
Da Agência Brasil
Brasília – A classificação indicativa da programação da TV pode ser um instrumento orientador na avaliação de programas adequados ou não para determinadas faixas etárias. Essa é a avaliação do cientista político e coordenador de Relações Acadêmicas da Agência de Notícias do Direito da Criança (Andi), Guilherme Canela. "É evidente que isso não é suficiente para a proteção dos direitos da infância e da adolescência no que diz respeito a qualidade da programação televisiva", afirma.
"Não quer dizer que a classificação indicativa não seja importante, mas existe uma série de outras medidas que poderiam ser tomadas nesse sentido." Para ele, a necessidade é de melhora nos instrumentos de classificação. "Hoje, trabalha-se basicamente com três temas: violência, sexo e drogas. Esses temas são pertinentes no que se refere à formação psicosocial de crianças e adolescentes, mas seria importante avançar em outras questões", comentou. Entre eles, Canela aponta que os direitos humanos – "como um todo" – deveriam permear a classificação. Citou ainda critérios como discriminação de gênero, de etnia e opção sexual a serem incorporados. "Nós acreditamos que a classificação indicativa tem que ser um instrumento pedagógico, ou seja, quando o pai ou a mãe ou os próprios interessados, crianças e adolescentes, visualizam a classificação indicativa na televisão, eles deveriam estar sabendo porque o Ministério da Justiça classificou aquele programa daquela forma."
De acordo com Guilherme Canela, deve ser feita uma ampla campanha nacional de conscientização sobre o significado da classificação indicativa. "Nossa proposta é que seja feita através de símbolos gráficos. Se eu não quero que meu filho veja cenas de violência, eu sei que quando aparecer aquele determinado símbolo ele não pode assistir àquele programa", disse.
O coordenador da Andi destaca a questão dos fusos horários dos estados brasileiros para a classificação. "No Acre, há a diferença de duas horas. As novelas, que começam às 9 horas, são exibidas lá às 7 horas da noite. Então observamos com grande preocupação que pode estar havendo um desrespeito ao direito das crianças acrianas, por exemplo. É importante que esse problema também seja equacionado."