Marcelo Gutierres
Da Agência Brasil
São Paulo – Um acordo entre a Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual, conhecida como Fundação Laramara, o Serviço Nacional da Indústria (Senai) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pretende iniciar no Brasil a fabricação de máquinas de escrever em braile e tornar o país auto-suficiente. O aparelho é de origem norte-americana e é usado para produzir impressões tácteis para deficientes visuais.
"A máquina braile é para o cego o que a caneta representa para uma pessoa sem deficiência visual", compara Victor Siaulys, presidente da Laramara. Segundo Siaulys, o aparelho, que lembra uma máquina de escrever, tem apenas seis teclas, mas tem capacidade de reproduzir todas as letras do alfabeto, símbolos matemáticos, químicos e orientais, além de partituras. Ou seja, a máquina é utilizada apenas por cegos ou por pessoas que já conheçam o código Braile.
Para o presidente da Laramara, o maior desafio é baixar o custo do equipamento, cujo valor de venda no Brasil é de R$ 3.500. Mesmo com alto custo, existe uma fila de espera para a aquisição, que tornou-se mais uma segunda barreira a enfrentar. Para iniciar a produção nacional, a associação já obteve os direitos de fabricação no Brasil, sem custos, e construiu uma fábrica, para a linha de montagem. "Das 700 peças da máquina, 350 são diferentes, por isso, precisamos da ajuda do meio industrial", disse Siaulys.
Para tanto, a entidade promoverá um evento a fim de dar início à distribuição de máquinas braile no estado de São Paulo. Na primeira etapa, o objetivo é contemplar municípios com mais de 100 mil habitantes. Depois, expandir a distribuição até alcançar todo o estado e depois o Brasil, em etapas. A iniciativa conta com o apoio dos hotéis Unique Garden e Unique São Paulo. Neste último, haverá um coquetel seguido de jantar e show no dia 12 de outubro.
A renda será revertida para compra e doação dos equipamentos. Na oportunidade, haverá sorteio de itens oferecidos pelos patrocinadores do evento. De acordo com a Laramara, a Fiat, que já confirmou patrocínio, doará um automóvel. Os convites para participar do evento custam R$ 500 por pessoa, ou R$ 900 por casal, e podem ser adquiridos no Unique São Paulo e no Unique Garden. Outra opção é escolher uma mesa exclusiva com oito lugares por R$ 3.200.
O nome Laramara, como é conhecida a Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente, é formado pelos nomes da filha de Victor Siaulys, Lara, que é deficiente visual, e de sua esposa Mara. A instituição, que tem sede na capital paulista, busca promover, em parceria com a família, escola e comunidade, o processo de desenvolvimento, aprendizagem e inclusão da pessoa com deficiência visual: cegos, baixa visão ou múltipla deficiência. Siaulys estima que haja cerca de 1,5 milhão de brasileiros nessas condições.