Adiado depoimento de Delúbio Soares a Comissão de Ética do PT

07/08/2005 - 12h30

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O presidente nacional do PT, Tarso Genro, informou ontem (6) que foi adiada a tomada de depoimento de Delúbio Soares para a Comissão de Ética. Inicialmente, a audiência estava prevista para hoje (7). A nova data ainda depende da nomeação do substituto de Danilo de Camargo na coordenação da Comissão de Ética.

Mesmo afastado da legenda, Delúbio continuará sendo investigado pela Comissão de Ética da legenda. O antigo tesoureiro do partido admitiu ter feito financiamento irregular de campanhas e é apontado pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos operadores de um esquema de compra de votos no Congresso Nacional.

Para Tarso Genro, a ampla maioria dos militantes e dos dirigentes que participaram do encontro saíram satisfeitos. "Nos avançamos e estamos em condições de resistir politicamente à crise, temos que nos organizar e o mais importante na resolução da direção nacional tem duas características que vão nortear a vida do Partido, uma visão para um outro modelo de desenvolvimento de uma parte e de outra a questão de autonomia do partido em relação ao governo ao mesmo tempo em que há uma solidariedade ao governo".Ele declarou ter votado pela suspensão de Delúbio, principalmente, para não prejudicar o processo de investigação. Em sua análise, ficou claro na reunião que haverá um novo núcleo dirigente após a eleição direta prevista para dia 18 de setembro próximo.

Tarso também negou existir qualquer operação de Caixa Dois em sua campanha."Na minha campanha tem denúncia de que tem pagamentos feitos pelo partido em valores que o partido ficou devendo para gráficas e para outras instituições". Na opinião do líder do governo na Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia, o PT terá que agir de forma mais rigorosa. "O PT vai ter que ser infinitamente mais rigoroso do que sempre fomos até porque a nossa credibilidade está em jogo, portanto o futuro do PT está em jogo". Na avaliação dele, a suspensão do ex-tesoureiro foi a decisão mais adequada ao partido. O parlamentar argumentou que não houve nenhum acordo prévio e sim uma iniciativa de Delúbio na apresentação do documento.

Já o senador Eduardo Matarazzo observou que o próprio estatuto estabelece que antes de qualquer processo de expulsão deve ser amplamente explorado o direito de defesa. Diante disso, afirmou que "não se considerou adequado a hipótese da expulsão sumária e também avaliou-se que o PT tivesse oportunidade de obter de Delúbio Soares todos os esclarecimentos a respeito da sua própria responsabilidade, de eventual participação de quem quer que seja". O senador Aloísio Mercadante manifestou que a sua convicção era de uma expulsão, mas que não abdica do direito de defesa. "Mas a minha convicção é de também o direito de defesa dele e de qualquer outro filiado do PT".