Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – As exportações do Brasil para o Iraque deverão ter impulso expressivo com a realização de feira com produtos e oferta de serviços do Brasil, que vai se realizar de 10 a 14 de setembro, em Amã, na Jordânia. A previsão é de Juan Quirós, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex Brasil), acrescentando que, a propósito da iniciativa de diversos países para reconstrução do Iraque o Brasil preferiu realizar sua própria feira para criar uma maior identificação dos produtos brasileiros naquele país.
Ele explicou que os produtos vendidos atualmente passam até por três intermediários, muitas vezes chegam vencidos ao Iraque, até com as embalagens trocadas. A iniciativa da Apex se deveu à demanda do Iraque pelos produtos brasileiros.
Nesta segunda feira vai acontecer em São Paulo o seminário "O Brasil na Reconstrução do Iraque" promovido em conjunto com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque, ocasião em que a Apex-Brasil vai fazer uma apresentação a autoridades e empresários do que vai ser oferecido na feira em Amâ. Mais de 80 empresas brasileiras de 18 setores da indústria e de serviços vão estar presentes em Amã. Já foram cadastrados 3.200 compradores através das federações de indústria que o Iraque tem espalhadas em todas as regiões da Ásia. Sessenta por cento dos compradores iraquianos são privados e quarenta por cento são do próprio governo.
Os produtos de maior demanda são alimentos, serviços e material para construção civil, eletroeletrônicos, material médico e hospitalar, calçados, veículos e equipamentos tratamento de água petróleo e gás.
Outros países, como Jordânia, Síria, Líbano, Irã, Turquia e Kuwait foram atraídos para a feira de Amã, comemora Juan Quiróz. O local escolhido para o evento é o Brasil Rebuilding Iraq, no Zara Expo, Centro de Exposições contíguo ao hotel Grand Hyatt Aman, numa área de 2.180 m².
A expectativa do Brasil é que, a partir dessa feira, os empresários nacionais comecem a ter a oportunidade de estabelecer contratos diretos com empresas iraquianas. "O Brasil vai diminuir o espaço que existe entre nossos produtos e os consumidores do Iraque e as empresas vão ser apoiadas para estabelecer contratos de no mínimo 6 meses e no máximo de um ano para fornecimento contínuo", destaca Juan Quirós.
Durante o seminário em São Paulo na segunda-feira, os empresários brasileiros vão obter informações detalhadas sobre o mercado e como trabalhar no Iraque atual, através de apresentação sobre Perspectivas e Realidades do mercado iraquiano, pelo Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil - Iraque (CCIBI), Jalal Jamel Chaya e pelo presidente de honra da entidade, Ahmad Ali Saifi.
De janeiro a maio deste ano o Brasil exportou mais de US$ 1,7 milhão para o Iraque. No ano passado foram exportados US$ 62 milhões. Uma das áreas propícias para o empresariado nacional no Iraque, lembra Juan Quiroz é o setor da construção. Vão poder ser vendidos cerâmica, vidros, equipamentos para obras, materiais de alumínio,
"Quando a gente organiza um evento desse tipo acontece a motivação das empresas do outro lado de conhecer o potencial das nossas. Assim, surgem acordos de investimentos por setor, entre as pequenas e médias empresas, com uma série de vantagens indiretas, como a transferência de tecnologia. O Brasil nessas oportunidades fixa com seus parceiros a imagem de país fornecedor", disse Juan Quiroz.
O Iraque, atualmente, é um dos países do Oriente Médio com maior potencial de geração de negócios de exportação para o Brasil, principalmente para os produtos e serviços ligados à infra-estrutura. A feira "Brasil na Reconstrução do Iraque" será o ponto de encontro em Amã entre empresas brasileiras e importadores, além dos compradores do Iraque, Jordânia, Síria, Líbano, Irã, Turquia e Kuwait.
Ao mesmo tempo em que expandem seus negócios, as empresas brasileiras participam do o processo de reconstrução do Iraque gerando novas oportunidades de negócios a curto e médio prazos, e retomando uma participação de mercado que foi expressiva nos anos 80.
Até a Guerra do Golfo, o Iraque era um parceiro comercial de grande expressão para o Brasil. Em 1985 o comércio bilateral ultrapassou US$ 2,4 bilhões sendo que US$ 630 milhões foram exportações brasileiras. Em 1989, o principal item exportado pelo Iraque para o Brasil foi o petróleo, enquanto a pauta das exportações do Brasil continha 280 itens. O Iraque exportava petróleo e importava todos os itens de suas necessidades. Em 1989, os setores mais representativos eram veículos automotivos e acessórios, máquinas mecânicas, ferro e aços, papéis, alumínio, açúcar refinado, carne bovina. Porém, a Guerra do Golfo e o subseqüente embargo comercial paralisaram o comércio entre os países parceiros, que se estendeu praticamente até o fim da Guerra do Iraque, em 2003.
De janeiro a maio de 2005, o volume de exportação do Brasil para o Iraque foi de US$ 1,686 milhão. Em 2004, ainda sob o governo provisório, o Brasil faturou com vendas ao Iraque US$ 61,5 milhões, o terceiro melhor resultado em 14 anos.
Com o rápido crescimento da retomada do comércio bilateral, as exportações brasileiras ficaram em US$ 61 milhões em 2004 (10% das exportações do Brasil para o Iraque em 1985, 168 itens contra 480 dos anos 80). O saldo deficitário com Iraque de US$ 411 milhões mostra uma relação de 13% entre as exportações e as importações. Isto reforça ainda mais o potencial para o crescimento das exportações brasileiras, tanto em diversidade da pauta, quanto em valor.
Em 2004, os setores mais representativos das exportações do Brasil para o Iraque foram bem concentrados em: açúcares, laticínios, tubos de aço, matinais, frango, destacando-se assim em alimentos e materiais de construção. No entanto, os dados levantados sobre as importações iraquianas em 2003 indicam o total de US$ 4,3 bilhões (em que o Brasil representa apenas 1%) e apontam uma grande diversificação.