Rio, 7/7/2005 (Agência Brasil - ABr) - A deflação de 0,45%, em junho, no Índice Geral de Preços de Disponibilidade Interna (IGP-DI), foi conseguida em grande parte devido ao desempenho do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que no mês variou -0,05%, um recuo de 0,84 ponto percentual em comparação a maio. A informação é do coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

O economista explicou que o grupo Alimentação teve desaceleração no varejo, principalmente em hortaliças e legumes, por isso é um tipo de impacto que não deve se sustentar por muito tempo, por serem produtos com oscilações freqüentes e que não dependem de variações de câmbio ou de política econômica. "A gente está vendo desaceleração em seis das sete classes que fazem o IPC, mas o número desse mês está muito influenciado por um comportamento isolado. Então, é possível que essa coisa se reverta", acrescentou.

Para o próximo mês, embora seja possível ocorrer novamente deflação, o comportamento dos preços já demonstra, segundo o coordenador, que ela está começando a mostrar sinais de esgotamento, o que "é bom para a economia". Quadros disse que a permanência durante muitos meses significa que a economia está enfrentando crise, o que não é o caso atual: "A gente está tendo uma deflação que é basicamente um ajustamento dos preços à valorização do câmbio. Não é resultado de um processo de crise econômica".

Para o economista, a deflação vai ser semelhante à que ocorreu de maio a julho de 2003, embora esteja um pouco mais fraca que a daquele período. "Tendo ou não deflação no próximo mês, é praticamente certo que vamos ter uma taxa mais alta do que essa. Aí, sim, pode resultar de uma aceleração do IPC, que tem a ver com o fato de nesse mês ele ter sido muito baixo", afirmou. Salomão Quadros lembrou ainda que para o resultado de julho o IPC contará com o impacto dos reajustes de telefonia fixa.