Ex-secretária contesta Marcos Valério sobre razão dos saques em dinheiro

07/07/2005 - 18h41

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Em depoimento à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios, a ex-secretária Fernanda Karina Somaggio, que trabalhava para o empresário Marcos Valério de Souza, um dos sócios da agência de publicidade SMP&B, questionou a afirmação de seu ex-patrão de que os saques realizados em espécie no Banco Rural teriam como destino o pagamento de fornecedores. "Fornecedores se pagam por boleto bancário ou por transferência eletrônica. Não existe essa lógica de pagar em dinheiro", disse. Segundo ela, a própria SMP&B pagava seus fornecedores com cheques mediante apresentação de nota fiscal.

Karina negou que tenha pedido dinheiro ao seu ex-chefe depois de ser demitida. Segundo ela, o processo de extorsão movido por Valério contra ela teve como objetivo intimidá-la. "Ele fez isso para que eu ficasse com medo e desmentisse [as informações à "Revista IstoÉ"]. E foi o que aconteceu: no primeiro depoimento à PF fiquei quieta, achando que iriam me matar." Em outro depoimento à CPI, Karina disse que recebeu ameaças.

Ela também afirmou que há relação entre o empréstimo do avião do Banco Rural que seria utilizado pelo publicitário com os saques de grande volume feitos por ele em uma agência de Belo Horizonte, efetuados pelo motoboys da empresa. "É claro que ele não poderia viajar de avião de carreira com aquela quantidade de dinheiro", disse. No entanto, Karina afirmou nunca ter visto esse dinheiro.

De acordo com a ex-secretária, havia uma "relação de amizade" entre Valério e o tesoureiro licenciado do PT, Delubio Soares. Ainda segundo ela, os dois marcavam reunião em Brasília ou São Paulo.