Especial 6 - Debate nas escolas pode ajudar no combate à corrupção, diz procuradora

07/07/2005 - 9h41

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Levar o debate sobre a corrupção para as salas de aula em todo o país pode contribuir para que o Brasil consiga reduzir os índices de desvio de dinheiro público. É o que defende a subprocuradora-geral da República Gilda Carvalho, coordenadora da Câmara do Patrimônio Público e Social do Ministério Público Federal. "Acho que se há mesmo a vontade de se lutar neste país contra a corrupção, teria que se começar pela educação fundamental, criar valores, tornar agradável a idéia de ser uma pessoa honesta neste país".

Formada em Direito pela Faculdade de Direito em Olinda, com pós-graduação em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), Gilda Carvalho está à frente de uma equipe formada por mais de 300 procuradores da República que atuam em defesa do patrimônio público. Entre 1993 e 2004, a câmara instaurou 9.073 procedimentos administrativos relacionados à improbidade na administração pública. "Acho que é um número expressivo de procedimentos", avalia Gilda Carvalho, para quem grande parte dos casos está relacionada "à cultura que ainda persiste no Brasil de se tirar vantagem em tudo".

Para reverter esse quadro, avalia Gilda, é preciso que a formação dos alunos brasileiros tenha o foco na disseminação de valores como honestidade e ética. "É uma educação para você saber o que é seu e o que não é seu. É isso que você não vê hoje em dia. A ética passa pelas pequeninas coisas, aí você se fortalece e quando chegar uma hora em que alguém quer te corromper, você já sabe qual o caminho que vai tomar".

Na avaliação da subprocuradora-geral, um dos problemas do Brasil no que se refere à corrupção ainda é, muitas vezes, a dificuldade para se distinguir o interesse público dos privado. "Os servidores públicos ainda são tentados a tirar vantagem e sucumbem a essa tentação. É isso que eu observo no dia a dia", diz. "Acho que as coisas vão mudar quando todas as pessoas no serviço público tiverem a consciência de que aquilo é de todos, é do povo, não é seu", completa.

Gilda Carvalho ressalta ainda que, em termo de legislação, o Brasil obteve avanços bastante significativos, mas destaca que essas mudanças devem ser acompanhadas de maior ênfase em medidas preventivas.