Especial 4 - Integração de órgãos é avanço no combate à corrupção, diz Waldir Pires

07/07/2005 - 9h39

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A integração dos órgãos que atuam no combate à corrupção representa um dos principais avanços na área, no entendimento do ministro da Controladoria-Geral da União, Waldir Pires. "Nunca se fez como está sendo feito atualmente no governo do presidente Lula esse combate articulado à corrupção", ressalta.

Segundo o ministro, o trabalho articulado de órgãos como CGU, Secretaria Nacional de Justiça (Ministério da Justiça), Polícia Federal, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas da União, Receita Federal, Advocacia-Geral da União e Conselho de Controle de Operações Financeiras (Ministério da Fazenda) permite ações mais rápidas e eficientes. "É essa concepção que é a novidade, da articulação. Atuarmos todos juntos, não só os órgãos de controle do governo federal, mas todo o aparelho do Estado democrático. É isso que faz as coisas se transformarem num trabalho eficiente", ressalta.

Para a secretária Nacional de Justiça, Cláudia Chagas, atualmente há um esforço geral para combater a corrupção. "É uma luta longa, luta necessária, mas diversas pequenas ações vêm contribuindo para isso". Cláudia Chagas lembra que enfrentar a corrupção significa combater outros crimes, como a lavagem de dinheiro, área em que, segundo ela, o trabalho articulado também se tornou mais freqüente. "Esses órgãos já atuavam com eficiência, mas atuavam como ilhas, cada um fechado no seu espaço de atuação", lembra.

No entendimento da secretária, a corrupção no Brasil não aumentou nos últimos anos, mas os casos ganharam maior visibilidade. "Quando se procura combater a corrupção, a visibilidade é muito maior. Se ninguém fizesse nada poderia até parecer que não havia corrupção, mas havia. Então, o que existe hoje é muito mais repressão à corrupção e, talvez, isso dê uma impressão falsa de que a corrupção é que aumentou, mas não. Acho que na verdade essa situação já existia, acontecia da mesma maneira, só que hoje é objeto de investigação e de processos judiciais", observa.

O ministro Waldir Pires acrescenta que esse é um trabalho que requer persistência. "Não há na sociedade grandes modificações instantâneas, não se combate a corrupção somente por decreto ou pela vontade dos governantes. De modo que essa é uma tarefa que requer persistência, perseverança, vontade política organizada e vontade coletiva dos cidadãos de acreditar que é na democracia que nós podemos fazer isso. Porque, nas ditaduras, o que existe é uma corrupção que nem se toma conhecimento dela, ninguém pode falar", observa.

Outro avanço, na avaliação de Waldir Pires, é a transparência das ações de controle. Ele cita o exemplo do Portal da Transparência, por meio do qual qualquer cidadão que tenha acesso a um computador ligado à internet pode acompanhar a aplicação dos recursos públicos federais. "A gente leva ao conhecimento da população, em toda a parte do país, o conhecimento do dinheiro público existente para políticas públicas. De modo que a população possa ajudar nisso, porque o dinheiro é do povo, vem dos tributos e essa conceituação tem que ser resgatada".

A subprocuradora-geral da República Gilda Carvalho também destaca a importância da transparência na luta contra a corrupção. "Essas medidas de transparência, são muito positivas, porque a transparência é um forte inimigo da corrupção. Quando o governo coloca à disposição da sociedade as cifras destinadas aos programas públicos, isso ajuda bastante", avalia Gilda, que coordena a Câmara do Patrimônio Público e Social do Ministério Público Federal.