Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na Escola Sinhá Andrade, no município de Sete Lagoas, em Minas Gerais, as aulas de matemática, português e geografia dividem espaço com a educação para a cidadania. Os alunos aprendem que a prefeitura deve gastar corretamente o dinheiro público, que vem dos impostos pagos pela população. É o projeto Cidadania Consciente, que busca mostrar aos alunos quais os direitos do cidadão e a importância de cobrá-los junto aos gestores públicos.
Para a professora Agda Vasconcelos, o projeto ajuda a combater a corrupção. "A gente faz isso porque acredita mesmo que essa questão da corrupção no nosso país é principalmente pela falta de participação do povo e de conhecimento político. O povo acha que política é só para político e não é". Segundo ela, um dos objetivos do Cidadania Consciente é fazer com que os estudantes percebam que eles podem ser "agentes da política". "Nós temos o país que nós construímos. Temos os políticos que elegemos e se a gente não cobrar deles que eles sejam honestos, que eles sejam leais àquilo que a gente quis deles, a gente nunca vai mudar esse país".
Este ano, a escola desenvolveu um trabalho de acompanhamento da atuação dos vereadores empossados em janeiro. Na época, os alunos fizeram um levantamento das necessidades de cada bairro e levaram aos novos representantes da Câmara Municipal. "Existe um quadro na escola em que a gente coloca o que cada vereador fez em cima daquilo que os alunos levaram sobre as necessidades dos bairros", explica a professora.
A aluna do 2º ano do ensino médio Adrieli Silva, 16 anos, é uma das que participam do projeto. Ela resume em uma frase o que pensa sobre a corrupção: "É quando a pessoa pega o que não é dela, ou seja, pega para si alguma coisa que poderia ser feita para o bem de todos".
Raissa Naiá Santos, 14 anos, também pensa que a população é a mais prejudicada com a corrupção. A aluna elogia a iniciativa do colégio de incluir temas como combate ao desvio de dinheiro público nas aulas. "A educação é um instrumento que o próprio Estado, como nação, tem para formar cidadãos conscientes de que a corrupção não é um caminho bom e através da corrupção nosso país só tem a perder", avalia Raíssa, que cursa a 8ª série.
Matriculado no 2º ano do ensino médio, Paulo Henrique da Rocha, 16 anos, concorda com a colega. "A educação é como se fosse o alicerce da casa. Sem educação, não há possibilidade nenhuma de erguer a casa, porque ela é a base principal".
Na semana passada, Adrieli, Raíssa, Paulo e outros 39 alunos que participam do projeto Cidadania Consciente tiveram a oportunidade de visitar o Congresso Nacional. "Muita coisa eu nem sabia o que era, não sabia como funcionava, só tinha visto pela televisão", disse Adrieli, após a visita. "Eu acho muito importante o projeto Cidadania, porque não são todas as pessoas que têm esse privilégio. Vou chegar em casa e contar para os meus pais e irmãos como é o Congresso".
Já Raíssa Santos disse ter ficado impressionada com a estrutura do Congresso Nacional, mas comentou que "os políticos não aproveitam essa boa estrutura em função do bem da nação". "Quando a gente chega aqui, percebe que tem uma estrutura montada para que a nação tenha um crescimento grande e descobre que isso não acontece porque os políticos, com as denúncias que a gente vê, não estão se preocupando com aqueles que os colocaram no poder".
Colaborou Christiane Peres