Desocupação de área no interior de Pernambuco tem clima tenso

07/07/2005 - 11h28

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O clima é tenso em uma ação de reintegração de posse no Engenho São João, localizado no município de São Lourenço da Mata (PE), a aproximadamente 40 quilômetros de Recife. A propriedade, que pertence ao Grupo Votorantim, é ocupada por 900 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que estão no local há cerca de um ano e quatro meses.

A superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Pernambuco, Maria de Oliveira, está na propriedade negociando para que a ação de desocupação da área seja suspensa por alguns dias. Ela explica que as famílias ligadas ao MST produzem alimentos no Engenho São João. Segundo a superintendente, a liminar de reintegração de posse determina que, antes da desocupação, seja feita uma vistoria na área para verificar a produção. O objetivo é permitir que as famílias sejam indenizadas posteriormente.

"A equipe técnica que faz a vistoria leva de cinco a dez dias, no mínimo, para fazer o trabalho de campo. A partir daí, tem mais um período para a elaboração dos relatórios que devem ser bem detalhados para que se possa fazer parte de um processo indenizatório", afirmou Maria de Oliveira. A superintendente ressaltou, no entanto, que ainda não é certo que a reintegração de posse não ocorra hoje. "Não está certo porque o oficial de Justiça ainda não recebeu do tribunal nenhuma concordância em relação a esse assunto", declarou.

Segundo Maria, a expectativa no local é grande. "O clima ainda é tenso por causa da falta de decisão global das coisas. A polícia está de um lado e do outro lado estão os trabalhadores. Estão presentes aqui também algumas autoridades políticas. E ainda está chovendo muito", afirmou. De acordo com informações da Assessoria de Imprensa do Incra, 332 policiais participam da operação na propriedade.