Trabalho da CPMI dos Correios já prova que comissão não é chapa-branca, diz Delcídio

25/06/2005 - 14h51

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Com uma semana de trabalho, três depoimentos prestados e 110 requerimentos aprovados, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a corrupção nos Correios mostrou que não é "chapa-branca". A avaliação, feita em entrevista à Agência Brasil, é do presidente da CPMI, senador Delcídio Amaral (PT-MS).

As investigações nos Correios começaram após a divulgação, em maio, de uma gravação em que o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da estatal Maurício Marinho aparecia recebendo suposta propina de empresários. No vídeo, ele também falava sobre um suposto esquema de arrecadação ilegal de fundos a partir de funcionários de confiança indicados para estatais pelo PTB.

Esta semana, Marinho foi um dos primeiros depoentes da CPMI. Leia a seguir a primeira parte da entrevista do presidente da comissão à Agência Brasil.

Agência Brasil – Primeiro, o sr. poderia fazer uma avaliação desta primeira semana de trabalhos da CPMI?

Delcídio Amaral – Nós avançamos bastante. Foi um trabalho intenso, a cada dia fica claro que não é uma "CPI chapa-branca", até porque nós conseguimos aprovar de cara 110 dos 160 requerimentos, deixando ajustada toda agenda daqui para frente. Com isso, já estabelecemos um ritual de condução para esta semana e para a seguinte, honramos o compromisso ( com os líderes governistas e da oposição), tanto que formalizamos convocações já combinadas. Os próximos requerimentos, nós vamos aprovar ao sabor das investigações. A semana que vem será a mais importante para os trabalhos da CPMI.

ABr – Senador, o depoimento de Maurício Marinho (ex-chefe de departamento dos Correios), será referência para os trabalhos da CPMI nas próximas semanas? Ele apresentou uma lista de contratos dos Correios que seriam suspeitos. Ao mesmo tempo, deputados têm identificado contradições no depoimento dele e de outras pessoas ouvidas.

Delcídio Amaral – Primeiro, em relação ao depoimento do Marinho, as opiniões são as mais díspares. Ele fala uma coisa na gravação, fala outra na Polícia Federal, dá versões diferenciadas sobre determinados assuntos nos dois dias de depoimento à comissão. Nós estamos trabalhando em cima de todos esses depoimentos. Isso não vai impedir que venhamos a reconvocar o Maurício Marinho para prestar outros esclarecimentos, eventualmente até numa sessão fechada.

Na quinta-feira, que aparentemente seria de depoimentos previsíveis, de uma gravação em função de interesses comerciais, o segundo depoimento, que foi do Antônio Velasco, logo em seqüência do depoimento de Arthur Washeck (os dois empresários são os supostos mandantes da gravação que deu início ao caso), mostrou que, pelos sinais, não é uma gravação focada só em interesses comerciais dos Correios e do Marinho. Aparentemente há ramificações maiores e isso nos levou, inclusive, a convocar quem fez as gravações para depor na próxima terça-feira.