Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS) acredita que pode haver algo além de interesses comerciais por trás da gravação que motivou a abertura dos trabalhos da comissão.
As investigações nos Correios começaram após a divulgação, em maio, de um vídeo em que o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da estatal Maurício Marinho aparecia recebendo suposta propina de empresários. Na gravação, ele também falava sobre um suposto esquema de arrecadação ilegal de fundos a partir de funcionários de confiança indicados para estatais pelo PTB. O presidente do partido, Roberto Jefferson, comandaria o esquema, segundo Marinho disse na fita (em declarações posteriores à divulgação da gravação, ele passou a negar essa suposta ligação com Jefferson).
Leia a seguir o quarto trecho da entrevista do senador à Agência Brasil.
ABr – No depoimento do deputado Roberto Jefferson ao Conselho de Ética da Câmara, ele afirmou que aquilo seria apenas uma preliminar, o forte ele guardaria para a CPMI. O sr. espera outras novidades com relação a esse depoimento? Os depoimentos dos ex-diretores da estatal e dos responsáveis pela gravação do vídeo serão fundamentais para explorar eventuais contradições de Jefferson?
Delcídio Amaral – Esses depoimentos serão muito importantes para o depoimento de deputado Roberto Jefferson. Será um depoimento fundamental, porque acontecerá quando a CPMI já tem um embasamento anterior, pelo menos de alguns dos principais atores deste problema todo.
ABr – Quais as contradições que o sr. espera ver esclarecidas com o depoimento dos responsáveis pelas gravações na próxima terça-feira? Pode mesmo haver um esquema maior por trás das gravações do que o que vem sendo admitido?
Delcídio Amaral – Tudo indica que sim. Nós precisamos ouvir os responsáveis pela gravação, porque o que ouvimos na quinta-feira (o depoimento do empresário Antônio Velasco, um dos supostos mandantes da gravação) efetivamente nos preocupou bastante. Nós achamos que esse assunto não está focado apenas em interesses comerciais, existem outras coisas também.
ABr – Já existem acareações previstas?
Delcídio Amaral – Nós pretendemos. Em função do andar da carruagem, acho até possível algumas acareações também.
ABr – Hoje, que acareações o sr. consideraria necessárias?
Delcídio Amaral – Possivelmente, entre os empresários responsáveis pela gravação (Arthur Washeck e Antônio Velasco) e aqueles que executaram o trabalho. Talvez, o próprio Marinho com outros gerentes ou diretores dos Correios. Isso nós estamos analisando com muito cuidado, para não perdermos tempo, e, quando tomarmos as decisões, tomá-las para esclarecer, inclusive, esses pontos divergentes dos depoimentos.