Presidente da CPMI dos Correios espera que denúncias tragam ''enxurrada de documentos''

25/06/2005 - 15h09

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), avalia que uma "enxurrada de documentos" pode chegar aos parlamentares da comissão, dado o "ambiente de denuncismo" que se encontra formado no país

As investigações nos Correios começaram após a divulgação, em maio, de uma gravação em que o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da estatal Maurício Marinho aparecia recebendo suposta propina de empresários. No vídeo, ele também falava sobre um suposto esquema de arrecadação ilegal de fundos a partir de funcionários de confiança indicados para estatais pelo PTB. A CPMI encontra-se em funcionamento desde a última semana.

Leia a seguir o segundo trecho da entrevista do senador à Agência Brasil.

Agência Brasil – O que já existe de documentação para ser analisado pela CPMI?

Delcídio Amaral – Os inquéritos da Polícia Federal, as análises feitas pela Controladoria Geral da União (CGU). Hoje mesmo (sexta-feira) conversei com o Tribunal de Contas da União, que destacou três pessoas para que façamos uma avaliação dos contratos, até em função da vinda de três ex-diretores dos Correios – de Operações, Maurício Madureira; Tecnologia de Informação, Eduardo Medeiros; e da área de Administração, Antônio Osório Batista – para depor na CPI.

Eu não tenho dúvida que teremos uma enxurrada de documentos chegando para a CPMI, não só fruto das averiguações que estão sendo feitas, mas temos um ambiente de denuncismo. Então, acho que muitas informações adicionais chegarão ao longo dos próximos dias à CPMI.

ABr – Já foi feita uma avaliação da sindicância da CGU nos Correios?

Delcídio Amaral – Ela não está completa, eu pensei que a documentação preparada pela CGU fosse uma documentação ampla, o que recebemos é muito pouco.

ABr – Os documentos que já chegaram indicam alguma irregularidade?

Delcídio Amaral – Nós estamos analisando, não temos uma posição definitiva. Nós colocamos um assessoramento específico para cuidar de contratos, discutir contratos. Acho que precisaremos de mais alguns dias, este fim de semana e o início da próxima, para ter uma visão mais clara disso.

ABr – Como é que a CPMI vai trabalhar a linha de investigação daqueles contratos citados por Maurício Marinho?

Delcídio Amaral – Prioridade para estes contratos. Dentre os todos os contratos, licitações que os Correios tem, nós vamos priorizar os contratos citados por Maurício Marinho. Isso é muito importante para esclarecer, para ver se aquilo tem veracidade ou não. É preciso ver se não é uma metralhadora giratória atirando para tudo quanto é lado e ao Deus dará. Portanto, precisamos olhar isso com cuidado.

ABr – Senador, quanto à lista de contratos supostamente suspeitos que o Marinho apresentou: se for encontrado algum indício de irregularidade ali, o que ocorre?

Delcídio Amaral – O depoimento do Marinho foi muito mais na linha de que era um departamento menor que ele comandava e que ele era um simples cumpridor do que a diretoria (de Administração) determinava. Não é bem isso, não é bem assim. Toda sua defesa foi jogar para o andar de cima o que, eventualmente, acontecia no departamento e o que fazia. Então nós vamos ter que analisar bem isso. Agora, inegavelmente, se os contratos que ele citou já apresentarem irregularidades não há dúvida nenhuma que, de certa maneira, é muito ruim para os Correios. É inegável.