Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse agora há pouco, na abertura do IV Fórum Global de Combate à Corrupção, em Brasília, que não vai encobrir nenhum caso de corrupção que seja comprovado em seu governo. "Tenho nos meus ombros responsabilidades que vão mais além da preservação das instituições. (...) Tenho, ademais, uma biografia a preservar, um patrimônio moral, uma história de décadas em defesa da ética na política. Por isso, não iremos acobertar ninguém, seja quem quer que seja que esteja envolvido", afirmou o presidente.
"Cortaremos na própria carne se necessário", disse, após citar a demissão da diretoria da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e do Brasil Resseguros (IRB) como exemplos da seriedade com que o governo vê o combate à corrupção. "Determinei aos ministros uma solução definitiva para os problemas envolvendo os Correios e o Instituto de Resseguros do Brasil, resultando no afastamento dos diretores de ambas instituições, sem prejuízo da continuidade das investigações", completou Lula, referindo-se a processos de sindicância internos e às investigações da Polícia Federal, do Ministério Público e da Controladoria Geral da União.
"Independentemente do uso político-eleitoral que alguns estão fazendo, no meu governo levarei as investigações até as últimas conseqüências. Por isso jurei a Constituição. Sou o principal guardião das instituições deste país, funcionário público número 1", afirmou ainda. Ao se referir às denúncias recentes de corrupção envolvendo servidores do governo e parlamentares, o presidente disse que defende as investigações, inclusive no âmbito do Legislativo. "O governo está investigando e não se opõe que o poder Legislativo desenvolva suas investigações com o equilíbrio que sabemos possuir o Congresso Nacional. Esse Congresso que não pode, de forma nenhuma, estar sujeito à compra", disse.
O presidente Lula negou que vá anunciar medidas que, por si só, eliminem de uma só vez a corrupção. "Não serão panacéias que nos ajudarão a enfrentar problemas que se arrastam por décadas, quando não por séculos", ressaltou. Para Lula, só uma reforma política, baseada na consulta aos três poderes, aos partidos, à sociedade civil, poderá resultar no fortalecimento das instituições públicas.
Lula registrou que seu governo trabalha pela recuperação da máquina pública, com medidas de caráter duradouro, que reflitam em outras gestões. "Não esperem de mim nenhuma medida simplesmente populista, somente porque estamos a um ano e meio das eleições", declarou.