Vendas da indústria crescem apenas 0,13% em abril

06/06/2005 - 18h23

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As vendas reais da indústria ampliaram-se em abril em apenas 0,13% em relação a março. Mas as horas trabalhadas excederam em 9,06% as de igual mês do ano passado, segundo informações divulgadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O coordenador da Unidade de Pesquisa da entidade, Renato da Fonseca e o economista Paulo Mol, da Unidade de Política Econômica, atribuem a retração da atividade industrial em relação ao ano passado à alta contínua da taxa de juros anual (a Selic), que hoje está em 19,75% ao ano, e à valorização do Real frente ao dólar.

Em entrevista coletiva eles avaliaram que a taxa de juros e a desvalorização do dólar frente ao real estão atreladas aos resultados da indústria e se não houver uma mudança nesse quadro "será difícil avaliar como será o resultado da industria no final do ano. Com certeza, uma taxa de câmbio mais alta e uma taxa de juros menor dariam resultados melhores aos índices da indústria", segundo Paulo Mol.

A CNI tentou explicar a diferença entre o índice de crescimento da indústria e o aumento das horas trabalhadas. Pode ser "um possível erro de percepção do empresariado quanto à demanda efetiva, o que pode ter possibilitado a formação de estoques". Segundo Paulo Mol, "se isso for confirmado haverá uma queda futura da atividade industrial".

A valorização do real em abril foi de 5% em relação ao dólar, por isso o aumento da produção não se refletiu integralmente em elevação do faturamento do empresariado.

Os economistas da CNI afirmam que está havendo crescimento, embora em índices modestos, na oferta de empregos, que no quadrimestre aumentou 0,38% na média, em relação aos três quadrimestres do ano passado. Houve este ano também aumento no uso da capacidade instalada da industria. Segundo eles apesar de tudo os indicadores mostram que o empresariado está acreditando em melhora na situação econômica do pais

"Alguns setores da economia estão exportando muito, segundo a CNI. Grande parte dos que produzem para exportação continuam contratando mão de obra e a exportação continua firme", conforme o economista Paulo Mol.