Lula já tinha ouvido boatos sobre mesadas a deputados, afirma Mercadante

06/06/2005 - 20h01

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu do deputado Roberto Jefferson que havia boatos sobre o pagamento de "mensalidades" na Câmara dos Deputados em reunião realizada em março. No encontro, de acordo com o senador, estavam presentes também o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o líder do PTB, José Múcio, e o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo.

"O presidente pediu, após a reunião, que o ministro Aldo e o líder do governo apurassem esses comentários", afirmou Mercadante. Segundo o senador, os dois informaram ao presidente que os comentários deveriam ter como origem matéria de capa do Jornal do Brasil. Informaram ainda, de acordo com Mercadante, que a matéria tinha como desdobramento a instalação de uma investigação na Corregedoria da Câmara e na Procuradoria da Câmara e que, na conclusão da investigação, nenhum parlamentar apresentou qualquer denúncia referente ao episódio.

Rebelo e Chinaglia, por fim, lembraram que o deputado Miro Teixeira, citado na matéria confirmando a denúncia, negou ter feito a declaração ao jornal.

"A única frase que ele (Lula) ouviu até hoje sobre esse episódio era que havia comentários na Câmara sobre que poderia estar ocorrendo pagamento de mensalidade. Ele, imediatamente pediu ao ministro e ao líder do governo na Câmara que investigassem que comentários eram esses e os dois chegaram a conclusão que a única origem que podia era a primeira página do Jornal do Brasil. Foi apurado esse processo, foi aberta uma investigação e que não teve ninguém que pudesse sustentar na ocasião", disse.

Mercadante negou ainda que o presidente tivesse dito que assinava um "cheque em branco" para Roberto Jefferson. "O presidente nunca disse isso", disse. O senador informou que o governo quer a investigação completa do episódio. Segundo ele, se o fato ou denúncia tiver procedência, os envolvidos devem ser punidos. "Queremos que episódio seja investigado de maneira completa. O Brasil não vai aceitar, o Congresso não vai aceitar e o governo não aceita esse tipo de prática", afirmou.

"Nós vamos investigar tudo isso. Se tiver alguém envolvido, será terminantemente punido como a lei estabelece. Se não houver, o deputado Roberto Jefferson terá que prestar contas sobre as suas afirmações. Porque ninguém pode colocar sob suspeição o Poder Legislativo, ou o partido ou um parlamentar sem assumir responsabilidade por isso", destacou.