Celso Amorim defende atuação brasileira em missão de paz no Haiti

06/06/2005 - 6h20

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Fort Lauderdale (EUA) - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, elogiou o trabalho da força brasileira de paz que integra a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) para a estabilização do Haiti e disse que o Brasil não está naquele país como força policial do governo provisório. "Estamos lá como uma força de estabilização para ajudar no diálogo entre todas as forças políticas", disse, em Fort Lauderdale, na Flórida, ao responder às críticas feitas pela imprensa americana à atuação do Brasil no Haiti. Amorim participa da 35ª Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

O Brasil, ao liderar a missão da ONU naquele país, disse Amorim, vem se mostrando capaz de combinar firmeza e diálogo. "As críticas, ao meu ver, não procedem. Sempre soubemos que a situação no Haiti é uma situação difícil, mas sabemos também que, quando se fala na possibilidade de as forças brasileiras saírem da missão, isso é causa de grande preocupação".

Questionado sobre a necessidade de ampliar a atuação dos militares naquele país, Amorim respondeu: "Eu acho que se houvesse uma presença maior da comunidade internacional, certamente o trabalho seria mais positivo".

Durante a abertura da Assembléia da OEA, no domingo (5), autoridades destacaram a importância da ajuda internacional para a estabilização haitiana. O secretário-geral da OEA, o chileno Miguel Insulza, afirmou, em seu discurso, que a instituição está "plenamente" envolvida com o Haiti e que ajudar o país a fortalecer a sua democracia é um compromisso da organização.

O Haiti é o país mais pobre da América Central e vive instabilidades políticas desde sua independência, em 1804. Em fevereiro do ano passado, o então presidente Jean-Bertrand Aristide deixou o país e asilou-se na África do Sul. O presidente da Suprema Corte, Bonifácio Alexandre, assumiu a presidência, interinamente.

Nesse período, a ONU foi convocada para apoiar a transição política e manter a segurança interna. Para isso, foi formada a Minustah que assumiu em 1º de junho de 2004. Além do Brasil, Argentina, Benin, Bolívia, Canadá, Chade, Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Turquia e Uruguai compõem a missão.