Amorim diz a Condoleezza que é preciso dialogar sobre assento de Cuba na OEA

06/06/2005 - 15h00

Ana Paula Marra
Enviada Especial

Fort Lauderdale (EUA) – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, dirigindo-se à secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, defendeu que houvesse diálogo sobre a vaga de Cuba na Organização dos Estados Americanos. "Referência foi feita aqui a um assento vazio em nossa organização. Nós também consideramos isso uma anomalia e também lamentamos que assim o seja. O Brasil, inclusive, com o apoio de outros paises, propôs que se abrisse um diálogo sobre essa situação".

Cuba é o único país das Américas que não é membro da OEA. A democracia é condição essencial para participar da organização. Na sessão de abertura da assembléia, neste domingo, Condoleeza afirmou que o lugar vazio "um lugar que um dia será preenchido pelos representantes de uma Cuba livre e democrática".

Hoje (6), em seu discurso, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, lamentou o fato de Cuba não ser um país democrático e disse esperar que "um dia as ondas de liberdade cheguem a ela".

Ao falar de Cuba, Amorim aproveitou a oportunidade para reiterar que, "no nosso entender, a cooperação construtiva, mesmo quando há diferenças de percepções, é o melhor caminho para assegurar que os objetivos da Carta Democrática sejam plenamente alcançados".

Bush defendeu a importância da aplicação da Carta Democrática Interamericana, assinada pelos países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 2001, para garantir o fortalecimento da democracia entre os países das Américas. A Carta reconhece que "a democracia representativa é indispensável para a estabilidade, a paz e o desenvolvimento da região".

Ao discursar em Fort Lauderdale, na Florida, na Assembléia Geral da OEA, Bush destacou a necessidade de uma democracia mais vigente no continente. "A democracia deve ser uma regra, e não uma exceção", defendeu. No entanto, não se referiu à proposta norte-americana de criar uma comissão para avaliar a qualidade da democracia nos países das Américas e tornar efetiva a aplicação da Carta Democrática Interamericana. Essa proposta enfrenta resistência por parte de alguns países.

Amorim participa da 35ª Assembléia Geral da OEA, na Flórida, como representante do governo brasileiro.