Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Hoje foi um dia de negociações entre várias categorias de servidores públicos com o governo federal. Entre várias reivindicações específicas, os trabalhadores querem a definição de uma política salarial, planejamento de carreira e incorporação de gratificações. Alguns órgãos como a Previdência Social e a Fundação Nacional do Índio (Funai) já estão em greve. Outros órgãos podem aderir à paralisação a partir da próxima semana.
A Associação dos Servidores do Ibama (Asibama) realizou hoje pela manhã uma assembléia onde os trabalhadores optaram por não parar as atividades para não atrapalhar a Semana do Meio Ambiente (02 a 09/06). Os servidores do Ibama devem entrar em greve a partir do próximo dia 13. Antes da data, uma nova assembléia, ainda sem dia definido, será realizada.
"Todos nós temos consciência de que a greve traz transtornos e prejuízos para a população. O que nós gostaríamos é que as negociações pudessem evitar esse tipo de pressão", disse Lúcia Reis, representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) nas negociações. Mas ela argumenta que os servidores só paralisaram o trabalho porque não estavam conseguindo uma efetiva negociação com o governo.
Pela manhã, 36 entidades se reuniram com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para negociar as reivindicações. Segundo o ministro, o diálogo com os trabalhadores terá continuidade, dentro dos limites orçamentários. "Só vai ser feita negociação se tiver dinheiro, evidentemente". Para Lúcia Reis a reunião foi positiva já que o governo "apresentou disposição de que as negociações tenham curso".
Já o diretor de Operações da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), Sandro Alex de Oliveira César, definiu como "desastrosa" a reunião. "O ministro resolver dizer que não tem recurso para atender as reivindicações", afirma o diretor. A expectativa é de que uma nova reunião para dar continuidade às negociações seja realizada no início da próxima semana.
Nesta tarde, o ministro da Previdência e Assistência Social, Romero Jucá, lembrou que os servidores já terão um aumento de 22% este ano. O reajuste, acertado em negociação de 2003, prevê um reajuste em duas parcelas: 11% em junho e 11% em dezembro.
Segundo Jucá, funcionários de apenas 14 estados aderiram à paralisação de forma parcial. "Os peritos médicos, os fiscais e os servidores administrativos estão trabalhando".
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ressaltou que ainda não há decisão sobre o corte de ponto dos servidores que aderiram à greve, mas informou que o governo está preocupado com a paralisação, sobretudo dos servidores do INSS. "A greve preocupa o governo porque as agências do INSS atendem a um público numeroso, que precisa do serviço público, portanto gostaríamos de resolver isso rapidamente".
A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), havia anunciado, pela manhã, que os ministérios da Saúde e do Trabalho, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Advocacia-Geral da União (AGU) também estariam em greve. Os órgãos negaram a paralisação e afirmam que as atividades continuam normais.