Quase 70% da força de trabalho é de mulheres ou negros

02/06/2005 - 6h06

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As mulheres correspondem a 43% da População Economicamente Ativa (PEA) e os negros a 46%. Esses dois grupos somados equivalem a aproximadamente 70% do PEA, o que corresponde a 60 milhões dos 88 milhões de pessoas no mercado de trabalho brasileiro. Os números foram divulgados esta semana pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Os dados constam do "Manual de Capacitação e Informação sobre Gênero, Raça, Pobreza e Emprego". A cartilha foi lançada pela OIT com o objetivo de auxiliar gestores públicos, entidades sindicais e de trabalhadores a inserir a dimensão de gênero e raça nas políticas públicas e a criar igualdade de oportunidades, independentemente da cor, sexo e origem social. "Esse manual é importante para que gestores dos âmbitos federal, municipal e estadual tenham uma referência de como aplicar políticas públicas considerando a promoção da igualdade racial e de gêneros na área do trabalho e emprego", disse a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

O manual foi elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela coordenação-executiva do Programa Nacional de Fortalecimento Institucional para a Igualdade de Gênero e Raça, Erradicação da Pobreza e Geração de Emprego (GRPE)

Ao todo, a cartilha terá oito módulos, com textos conceituais e experiências práticas destinadas a subsidiar gestores governamentais e entidades de classe (trabalhadores e empregadores) para atuar no combate à discriminação de raça e gênero no Brasil. Os dois primeiros módulos abordam os temas "Tendências, Problemas e Enfoques: Um Panorama Geral" e "Questão Racial, Pobreza e Emprego no Brasil: Tendências, Enfoques e Políticas de Promoção da Igualdade". De acordo com a ministra, "as pessoas não têm a compreensão da importância de se destacar grupos discriminados historicamente e o manual orienta para este fim".

O manual já está sendo usado em algumas cidades, em oficinas de capacitação e formação dirigido aos formadores de políticas públicas. "Nós esperamos fornecer ferramentas práticas para fortalecer a compreensão das desigualdades sociais de gênero e de raça no Brasil e fortalecer a incorporação desses temas nas políticas públicas dirigidas ao combate à pobreza, à exclusão social e à criação de emprego e trabalho decente", disse diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) está implementando programas semelhantes na Ásia, África, Países Árabes e em outros noves países da América Latina. O Brasil foi o primeiro país a incorporar a dimensão racial nos manuais. Para Laís, "o manual de formação é um instrumento fundamental do programa de fortalecimento institucional para a igualdade de gênero e raça, erradicação da pobreza e geração de emprego".

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), a taxa média de desemprego no Brasil entre 1992 e 2001 variou entre 6% e 9%. Os números indicam que as mulheres, em todo o período e nos diferentes níveis de escolaridade e faixa etária apresentaram taxas de desemprego sempre maior que a dos homens; o mesmo aconteceu com os negros em relação aos brancos - de ambos os sexos.