Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A Superintendência da Polícia Federal em Rondônia identificou, em um levantamento realizado ontem (1), 38 garimpeiros não-indígenas que ainda extraem ilegalmente diamantes na reserva indígena Roosevelt, localizada no município de Espigão D´Oeste (a 534 quilômetros de Porto Velho), no sul do estado. Segundo o delegado Mauro Sposito, coordenador da Operação Roosevelt, os garimpeiros estão indiciados por crimes ligados à atividade mineral em terras indígenas.
"A situação na reserva está sob controle. Desde dezembro os indígenas começaram a entregar o maquinário usado no garimpo. A maior parte deles é contra a extração de diamantes, mas há divisões. Os equipamentos que ficaram se tornarão inativos, por falta de manutenção. É uma briga de gato e rato", diz o delegado.
Em abril do ano passado, 29 garimpeiros foram assassinados em conflito com os indígenas Cinta Larga. A Operação Roosevelt foi criada a partir de um decreto presidencial assinado em 17 de setembro de 2004 e envolve a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Militar e a Fundação Nacional do Índio (Funai). "É uma força-tarefa que só acabará quando a atividade mineradora nas terras indígenas for regulamentada. Idealmente, ela deveria ter 68 homens, mas hoje só tem 31 agentes", afirma Mauro. A Constituição prevê que a exploração mineral em terra indígena só pode ser efetivada com autorização do Congresso Nacional e se forem garantidas a consulta e a participação da comunidade. Essa determinação está expressa no parágrafo terceiro do artigo 231 que ainda aguarda regulamentação.
No último dia 5 de maio, um grupo de garimpeiros tentou impedir que um helicóptero da Polícia Federal pousasse no garimpo do Laje, dentro da terra indígena Roosevelt. "A atitude padrão, nestes casos, seria atirar. Mas optamos por jogar uma bomba de efeito moral. Conseguimos pousar, mas os garimpeiros fugiram para a mata".
Segundo o coordenador do Grupo de Tarefa Cinta Larga da Funai, Orlando Castro Silveira, a terra indígena Roosevelt faz parte de um complexo de 2,7 milhões de hectares que engloba outras três unidades: terra indígena Serra Morena, terra indígena Aripuanã e Parque Indígena Aripuanã. Nessa área vivem aproximadamente 1.400 indígenas da etnia Cinta Larga.