Elisângela Cordeiro
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Os trabalhadores brasileiros que recebem o salário mínimo estão utilizando parcela menor da renda para comprar a cesta básica. O novo valor do salário mínimo, de R$ 300, entrou em vigor em maio e significou um aumento de 15,4%. Em maio deste ano, a parcela comprometida com a compra da cesta básica era, em média, 59,01% do salário mínimo líquido, calculados os descontos referentes à Previdência. Em maio de 2004, por sua vez, a parcela destinada à compra da cesta básica comprometia 62,77% e, em abril deste ano, chegou a 65,14%.
Os cálculos fazem parte de estudo realizado em 16 capitais pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). O custo da cesta básica subiu em maio em todas as capitais pesquisadas. Em duas delas o aumento acumulado da cesta básica foi maior do que o concedido ao salário mínimo. Enquanto em Brasília o aumento foi de 17,12% e em Vitória, 15,87%, o percentual de reajuste do novo mínimo em maio foi de 15,4%.
Os dados indicam também que diminuiu o número de horas de trabalho necessárias para compra de uma cesta básica. Com o aumento do salário mínimo, a jornada necessária para a aquisição de uma cesta, pelo preço médio das 16 capitais, caiu de 127h32 em maio do ano passado para 119h54 em maio deste ano.
O trabalhador da capital paulista, onde foi registrada em maio a segunda cesta mais cara do país (R$ 188,63), segundo o Dieese, também trabalha um número significativamente menor de horas para adquirir a cesta com o novo valor do mínimo. Em maio, ele trabalhou 138h20 para isso, contra 153h06 em abril e 142h44 em maio de 2004. O resultado é semelhante em relação ao salário líquido: 70,25% do dinheiro comprometido em maio do ano passado, parcela que subiu a 73,35% em abril e caiu a 68,09% do novo salário, em maio.
O estudo também mostra a recuperação do valor do salário mínimo, em relação à renda necessária para suprir as necessidades básicas de um trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, transportes, educação, vestuário, higiene, saúde e lazer, como prevê a Constituição brasileira. Ele deveria ser de R$ 1.588,80, 5,3 vezes mais do que os atuais R$ 300. Em maio do ano passado, o mínimo de R$ 260 valia 5,9 vezes menos do que o salário ideal da época, calculado em R$ 1.522,01.