Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que um dos critérios do governo nas negociações com servidores públicos federais é atender categorias que ainda não foram beneficiadas, antes de voltar a negociar com as que já foram atendidas. "Temos que fazer uma negociação de maneira geral, com critérios unificados e atender quem não foi atendido ou quem está em pior condição", disse Bernardo, em entrevista coletiva concedida após reunião com sindicalistas representantes de servidores públicos federais em greve.
Segundo o ministro, o diálogo com os trabalhadores terá continuidade, dentro dos limites orçamentários. "Só vai ser feita negociação se tiver dinheiro, evidentemente. Por isso eu digo que nós temos que ter uma negociação centralizada, com critérios específicos para um setor, mas levando em consideração o impacto global".
De acordo com Bernardo, os reajustes negociados também levarão em conta o que foi feito nos dois últimos anos. Ele citou o exemplo dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que estão entre os que nesta quinta-feira (2) paralisaram as atividades em todo o país. Segundo o ministro, em 2003 houve uma negociação que resultou num aumento de 47% para a categoria, cujo pagamento foi dividido em quatro parcelas. "A terceira parcela foi paga hoje, eles estão entrando em greve com 9,5% a mais no salário".
O ministro também afirmou que, no período de dois anos e meio, a relação entre o menor e o maior salário caiu de 19 vezes para 11 vezes. "Temos hoje uma folha de salário um pouco mais equilibrada, menos desigual."
Segundo Bernardo, ainda não há decisão sobre o corte de ponto dos servidores que aderiram à greve, mas informou que o governo está preocupado com a paralisação, sobretudo dos servidores do INSS. "A greve preocupa o governo porque as agências do INSS atendem um público numeroso, que precisa do serviço público, portanto gostaríamos de resolver isso rapidamente".
Paulo Bernardo destacou ainda que algumas das reivindicações dos servidores do Ministério da Previdência já estão sendo colocadas em práticas pelo governo. "No caso da previdência, várias cobranças que os sindicalistas têm feito estão sendo encaminhadas preventivamente pelo governo, como a questão de melhorar a estrutura das agências, informatizar, melhorar o sistema, melhorar o atendimento, o governo tem trabalhado nisso direto".
O ministro disse que o quadro atual para os servidores é reflexo de anos anteriores e pediu paciência aos servidores. "Temos que ter persistência, disciplina, paciência e principalmente separar o que é a busca de melhorar o atendimento e o que é uma reivindicação legítima da corporação".