Cúpula da segurança pública do Ceará deve ser afastada, pede procurador

02/06/2005 - 18h24

Olga Bardawil
Repórter da Agência Brasil

Fortaleza – Para garantir as investigações sobre um suposto grupo de extermínio formado por policiais, deveria ser afastada toda a cúpula da segurança pública cearense. A proposta é de Oscar Costa, procurador da República que acompanha o caso.

"Se nós não afastarmos também a cúpula da Secretaria de Segurança Pública vamos deixar apenas a raposa tomar conta do galinheiro e o resultado todos vocês já conhecem", advertiu.

Oscar Costa alegou que o maior risco é que sejam encontrados "bodes expiatórios", os "peixes miúdos" para dar uma satisfação á sociedade, mas "o esquema vai ficar intacto e vai ressurgir lá na ponta".

Mas para o representante do Conselho Nacional de Direitos Humanos e membro da comissão especial, Percilo de Souza, a própria presença da comissão no Ceará já representa uma garantia de que haverá resultados efetivos. Ele lembrou que pelo programa federal de proteção às testemunhas, as pessoas que se sentirem ameaçadas podem até ser retiradas do estado do Ceará se quiserem.

"Eu tenho absoluta convicção que nós vamos encontrar uma solução para processo e julgamento dos responsáveis por esse grupo de extermínio, sobretudo de menores aqui nesta cidade", afirmou. A Comissão Especial volta para Brasília nesta sexta feira. Mas antes disso, o Ministério Publico Estadual promete oferecer a denúncia dos acusados ao juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri do Ceará.

A Comissão Especial criada pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos para acompanhar as investigações sobre a existência de um grupo de extermínio no Ceará. A comissão pode sugerir que as pessoas sejam inseridas num programa especial de proteção a testemunhas.

Segundo Percilo de Souza, representante do Conselho Nacional dos Direitos Humanos essa é uma das sugestões que podem ser feitas. O Ministério Público acha que as testemunhas podem ser ameaçadas depois que a denúncia contra os envolvidos for apresentada oficialmente à Justiça.

A denúncia de que essas testemunhas correriam risco de vida foi feita pelo Procurador da República, Oscar Costa, durante a audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa cearense.