Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os 1,7 milhão de brasileiros mais ricos, o que corresponde a 1% da população do país, têm renda familiar equivalente à soma da renda obtida pelos cerca de 86,9 milhões de cidadãos mais pobres (50% da população). É que mostra a pesquisa Radar Social, divulgada hoje (1º) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplica (Ipea), com base em dados de 2003.
Essa concentração de renda só é maior em Serra Leoa. De um total de 130 países avaliados, o Brasil só perde para esse país africano. A pesquisa utilizou o índice Gini para medir a distribuição de renda, que varia de zero a um, sendo um o máximo da desigualdade. O Brasil ficou com 0,60 e Serra Leoa, o pior país nesse quesito, com 0,62. O índice brasileiro é cerca de duas vezes e meia pior que o verificado em alguns países desenvolvidos, como a Áustria (0,23) e a Suécia (0,25)
Segundo a pesquisa, Alagoas é o estado com a maior proporção de pobres, 62,3% de população, e Santa Catarina é a que possui a menor, com 12,1%. As rendas mais elevadas são as dos habitantes das regiões Sudeste e Sul, com destaque para o estado de São Paulo, cuja renda domiciliar per capita média é de R$ 501,20. Já os estados do Nordeste possuem as menores rendas. O Maranhão, por exemplo, tem renda per capita média de R$ 169.
O estudo também mostra que o maior número de pobres do país está no meio urbano: 38,7 milhões de brasileiros, contra 15,3 milhões no campo. A proporção de pobres no meio rural (57,1%) é mais que o dobro da observada no meio urbano (27%).