Atingidos por barragens manterão protesto até próxima semana

01/06/2005 - 20h39

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As famílias do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vão ficar acampadas na sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) até a próxima semana. A informação foi dada por uma das coordenadoras do movimento, Rosana Mendes.

"Os diretores do banco falaram que só negociam com a gente depois que deixarmos o local. E nós não vamos sair. Por isso eles falaram que só vão dar a resposta aos nossos anseios na semana que vem", revela.

Rosana confirmou que a diretoria do BID prometeu repassar dinheiro para a alimentação dos manifestantes enquanto o protesto durar. "Eles vão arcar com a nossa comida e bebida", ressalta.

Cerca de 350 pessoas estão alojadas no jardim da entidade em Brasília desde ontem. Elas cobram compensações pela construção das barragens de Serra da Mesa e Cana Brava financiadas pelo BID.

Esta já é a segunda vez que o MAB invade o banco. A primeira foi em 2002. As invasões ocorreram pelo mesmo motivo: A maioria dos agricultores foi expulsa do terreno em que viviam com indenizações irrisórias para a construção das barragens.

As usinas hidrelétricas de Serra da Mesa e Cana Brava foram construídas por empresas diferentes, mas causaram problemas semelhantes para a população atingida. A primeira funciona há nove anos e expulsou 925 famílias de suas terras. As poucas indenizações distribuídas foram calculadas pelas empresas construtoras, Furnas e grupo VBC (Votorantin, Bradesco e Camargo Correa).

Já a usina de Cana Brava foi construída pela multinacional belga Tractebel. A barragem desabrigou 986 famílias. A Tractebel tentou reassentar algumas pessoas. No entanto, os loteamentos não tinham luz, água ou esgoto.