Mais que agroexportação, Brasil tem de investir em "áreas portadoras de futuro", diz Ipea

01/06/2005 - 19h15

Daniel Merli e Irene Lôbo
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – A exportação de produtos agropecuários foi o principal motor da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, para Glauco Arbix, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o governo também tem de promover o desenvolvimento de outros setores.

"O governo tem que ter políticas específicas para avançar nas áreas portadoras de futuro, ou seja, as áreas de manufatura e alta densidade tecnológica", afirmou hoje Arbix, em entrevista à Agência Brasil. Mas, segundo ele, o governo já está agindo. "É isso que o governo está fazendo. A política externa inteirinha está montada em cima disso. A crítica que estamos recebendo dos setores agroexportadores é que nós estamos dando pouca atenção a esse setor", argumentou. Segundo ele, os dados mostrados pelo IBGE, mostram que a crítica não é válida e a realidade, "um pouco diferente".

Arbix defendeu que o país tem de "cuidar é daquelas áreas que são mais sensíveis e que, como disse, são portadoras de futuro, ou seja, ou o Brasil investe nelas ou não vamos ter um lugarzinho lá". O presidente do Ipea listou os setores que considera estratégicos:

Estas áreas são a nanotecnologia, a biotecnologia, a biomassa, os biocombustíveis, toda a parte de microeletrônica, tudo aquilo que nós deixamos de fazer, porque não tivemos política industrial nos anos 90".

No primeiro trimestre deste ano, a soma das riquezas brasileiras – o Produto Interno Bruto (PIB) teve crescimento de 0,3% em comparação com o período anterior. Mas o único setor que apresentou crescimento foi a agropecuária. A produção agrícola e de gado teve um aumento de 2,6% em relação ao trimestre anterior. Indústria e serviços tiveram queda. De 1%, o primeiro e 0,2%, o segundo.

Outra forma utilizada pelo IBGE para decompor o PIB mostra que as exportações também guiaram o crescimento. Entre os componentes do PIB, o único que segue acelerando seu crescimento é exportações. As altas, em comparação ao trimestre anterior, continuam se elevando (3,3% no final do ano passado e 3,5% nos três primeiro meses de 2005).

Já importação, consumo das famílias, consumo do governo tiveram queda, ou crescimento menor que o do último trimestre. Foi o caso de importação, que cresceram 2,3% – menos que nos últimos três meses de 2004 (3,2%).