Grito da Terra: atendimento das reivindicações depende de decisão política do governo

01/06/2005 - 12h53

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil

Brasília - No primeiro dia de manifestações do Grito da Terra Brasil 2005, que está em sua 11ª edição, trabalhadores rurais de 20 estados brasileiros pediram, em frente ao Congresso Nacional, o cumprimento de 326 metas que estão em um documento entregue ao presidente Lula no mês passado.

Entre as principais reivindicações estão a inclusão do trabalhador rural no regime de Previdência Social, com uma política específica para a categoria; o combate à violência no campo, especialmente do trabalho escravo; e a efetivação de políticas de reforma agrária, como a liberação de R$ 18 bilhões para o Programa de Agricultura Familiar na safra 2005/2006.

Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura (Contag), Manoel dos Santos, o movimento quer do governo a negociação dos pontos centrais das reivindicações, especialmente liberação de recursos, fiscalização de irregularidades e aplicação das diretrizes do projeto de educação no campo. "Tudo passa por decisão e recurso. Nós já avançamos em alguns pontos periféricos, mas agora a questão central depende exatamente da decisão política do presidente e dos ministérios da área econômica", destacou.

Uma comissão formada por integrantes do Grito da Terra 2005 deve se encontrar, à tarde, com os presidentes da Câmara, Severino Cavalcanti, e do Senado, Renan Calheiros. "Vamos tratar dos projetos de lei de interesse dos agricultores do Brasil. Um deles é o projeto de consolidação do Pronaf como uma política pública independente de qualquer governo e um projeto de previdência social rural que garanta a permanência dos rurais na previdência a partir de 2006 e o projeto de penalidade para o trabalho escravo", explicou Manoel dos Santos.

Amanhã – último dia de protestos – os manifestantes farão caminhada até o Ministério da Fazenda e tentarão audiências com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e alguns ministros. "Queremos do governo uma posição de negociação dos pontos centrais com o chamado núcleo decisório do governo que é Planejamento, Fazenda e a Presidência da República coordenando para que a gente possa, definitivamente, resolver a questão das decisões políticas que precisam ser tomadas e recursos para aquelas ações que não estão sendo feitas por falta de recursos", comentou.

De acordo com a Contag, participam, no primeiro dia de manifestação, 6 mil trabalhadores rurais, mas a Polícia Militar estimou em 4,5 mil o número de manifestantes.

O Grito da Terra é um evento anual coordenado pela Contag. Há onze anos, durante alguns dias, trabalhadores rurais de todo o país reivindicam ao governo federal a adoção de medidas ligadas à reforma agrária e às políticas social e agrícola.