Danielle Coimbra
Da Agência Brasil
Brasília - A empresa Tractebel Energia S.A., responsável pela construção da Usina Hidrelétrica Cana Brava, em Goiás, esclareceu em nota enviada à imprensa que realizou, antes da construção da usina, um cadastro sócio-econômico para reassentamento das famílias que moram às margens da barragem, no município de Minaçu. De acordo com a empresa, foram assentadas 252 famílias que já tinham propriedades e mais 128 não-proprietárias que trabalhavam nas redondezas das usinas. "A Tractebel Energia jamais expulsou famílias de propriedades, cumprindo todo o processo de reassentamentos e indenizações, de acordo com a Legislação", diz a nota.
As informações divergem daquelas apresentadas pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Segundo o MAB, o pagamento deveria ter sido feito pela Tractebel Energia há três anos, mas só 25% das 986 famílias que abandonaram suas casas, foram ressarcidas.
De acordo com a Tractebel, o financiamento concedido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) foi pago antecipadamente "por razões exclusivamente econômico-financeiras, com o objetivo de evitar exposição a riscos cambiais". A empresa diz ainda que colaborou com a comunidade, realizando cursos de alfabetização, construção de duas escolas no município de Cavalcante, formação e fomento de associações de produtores e construção de um sistema de tratamento de esgotos em Minaçu. "Realizamos diversas ações em prol do desenvolvimento social da região e melhoria de qualidade de vida dos moradores".
Cerca de 350 integrantes do MAB invadiram ontem (31) o pátio da sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Brasília exigindo que o BID pressione a empresa belga Tractebel Energia para o pagamento da dívida social com os atingidos pela barragem de Cana Brava.
Hoje, obtiveram a solidariedade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (ABRANDH), entre outras entidades. Em nota divulgada à imprensa, pedem que "seja estabelecida uma mesa de negociação com o MAB a fim de resolver os problemas geradores do conflito".
Os atingidos pela construção das usinas exigem que o BID cobre providências imediatas da Tractebel para a indenização das famílias e reparação das perdas sociais, econômicas e culturais em virtude da construção da barragem.