Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio – Quase sete de cada dez crianças do ensino público fundamental e médio já consumiram bebidas alcoólicas, e quase três de cada dez já fumaram cigarros comuns. Os dados são do "5º Levantamento Nacional sobre o uso de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras", divulgado hoje (31) pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).
De acordo com o estudo, 67,5% dos estudantes cariocas já consumiram bebidas alcoólicas e 26% já fumaram cigarros comuns. "O grande problema é a droga lícita. Esse nível (de 67,5%), é muito grande em se tratando de adolescentes", alerta o coordenador do Setor de Prevenção do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), José Facury.
Os índices de consumo de drogas ilícitas chegam a 6,3% em maconha, 13,6% com solventes e 1,6% com cocaína. "A droga faz parte da sociedade de consumo, em que a mídia vende tudo. E o jovem foi formado na possibilidade de consumir. Mas por que ele vai comprar somente aquilo lícito? Por que ele não vai comprar também o que é ilícito? Então, aquela minoria que é mais afoita e aventureira vai procurar a ilicitude da droga", disse Facury.
Ele explica que são vários os motivos pelos quais a droga faz sucesso entre os jovens. "Às vezes, o jovem está inserido em um grupo onde quer mostrar que é macho. Há também aquele espírito aventureiro, quer utilizar as coisas que os outros usam. Além disso, a droga, nos primeiros momentos, dá um prazer, uma possibilidade extensão mental e de voltar-se para dentro de si mesmo."
De acordo com o especialista, os profissionais de educação devem se destituir de qualquer preconceito com relação às drogas, a fim de que haja um relacionamento melhor com os alunos que são usuários. "É importante que o professor não deixe o seu preconceito atrapalhá-lo no momento de escutar e de diagnosticar em que grau de uso da droga está esse jovem ou criança, para poder melhor acolhê-la e ajudá-la."