Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar do relatório divulgado hoje (11) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) destacar o Brasil como modelo de combate ao trabalho escravo, as autoridades brasileiras reconhecem que as ações governamentais devem estar voltadas também para a prevenção. Para o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, "a prevenção é o grande caminho daqui pra frente".
De acordo com ele, já existem programas pilotos em municípios do Maranhão e Piauí que poderiam ser levados a outros Estados. "Temos uma atividade para, através de escolas, alertar sobre os gatos (agenciadores), sobre o perigo do engano, da manipulação". Nilmário Miranda ressalta a importância de programas que estimulam a população a obter a documentação civil. "São programas também para a auto-estima dos trabalhadores. O trabalhador analfabeto, sem documentos, acredita não ter direito nenhum. O que sobra para ele é o trabalho degradante, o trabalho escravo, e não podemos admitir isso. Temos que passar para ele a segurança de que todas as pessoas são iguais perante a lei."
Os programas de geração de renda também são formas de prevenção ao trabalho escravo, já que o estudo da OIT mostra que a pobreza é um dos fatores que levam à exploração da mão-de-obra. "Sabendo da vulnerabilidade desses trabalhadores, esses gatos, esses aliciadores de mão-de-obra, procuram recrutar os trabalhadores em municípios muito pobres, em que sabem que qualquer promessa poderá ser aceita para garantir a sobrevivência dessas famílias. Quando esses trabalhadores chegam aos municípios de destino, a realidade é outra e eles não podem mais voltar", explicou a coordenadora do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil, Patrícia Audi.
O relatório Uma Aliança Global contra o Trabalho Escravo, divulgado nesta quarta-feira (11) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta o Brasil como modelo a ser seguido no combate ao trabalho escravo. Lançado simultaneamente em Genebra (Suíça), sede da OIT, e em Brasília, o relatório traz a estimativa do governo brasileiro de que existem no país 25 mil pessoas em condições de trabalho escravo.
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