Exploração de mão-de-obra escrava está concentrada na região Amazônica

11/05/2005 - 9h05

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O foco da exploração de mão-de-obra escrava no Brasil está no arco de desenvolvimento econômico da Amazônia. É o que mostra o relatório Uma Aliança Global contra o Trabalho Escravo, divulgado nesta quarta-feira (11) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), simultaneamente em Genebra (Suíça) e em Brasília.

"O relatório aponta que a região Amazônica é gigantesca, de difícil presença mais efetiva do estado, de dificuldades com relação à fiscalização. Isso tudo facilita toda sorte de crimes, não só o de trabalho escravo, mas também crimes ambientais, por exemplo", afirma a coordenadora do Programa de Combate ao Trabalho Escravo da OIT, Patrícia Audi.

Segundo o estudo, a incidência da exploração de mão-de-obra escrava é maior nos estados do Pará e de Mato Grosso. O relatório não menciona quais são as principais regiões de recrutamento desses trabalhadores, mas, de acordo com a representante da OIT, são os estados do Piauí e Maranhão. Patrícia Audi destaca que o cerceamento da liberdade, que caracteriza o trabalho escravo, se dá no Brasil por quatro fatores: a servidão por dívida, o isolamento geográfico das fazendas para onde os trabalhadores são levados, a presença de guardas armados e, por último, a retenção de documentos.

"Eles são aliciados em municípios de grande vulnerabilidade e levados a milhares de quilômetros de distância de seus municípios de origem", explica. "Quando chegam às fazendas, o salário prometido sempre é utilizado para o pagamento de dívidas fraudulentas, que são cobradas num valor muito maior do que o salário anteriormente prometido. Essas pessoas permanecem nesse ciclo de servidão, sem poder sair dessas situações, num isolamento geográfico que impede qualquer tipo de fuga, muitas vezes sob ameaça de guardas armadas", diz Patrícia Audi.