Lílian de Macedo
Enviada especial
Salvador - O acordo para instalação do Parlamento do Mercosul deve ser assinado ainda neste ano pelos presidentes dos quatros países membros do bloco - Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A informação foi dada hoje pelo secretário-geral da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, deputado Doutor Rosinha (PT-PR). Segundo ele, embora o Protocolo de Ouro Preto, firmado pelo Conselho do Mercado Comum em 1994, preveja a assinatura do acordo até dezembro de 2006, o processo deve ser antecipado.
"Acredito que a autorização seja antecipada, porque o parlamento é fundamental para o desenvolvimento do Mercosul. Será um local para discussões democráticas, sem a sobreposição de uma opinião sobre a outra", disse ele.
Doutor Rosinha acentuou que o Parlamento do Mercosul será capaz de construir uma identidade comum entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. "Ele criará uma nova cultura política. O Mercosul só vai ser construído quando deixarmos de falar ‘eu’ e passarmos a dizer ‘nós’", ressaltou.
O diretor-executivo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Manoel Messias, também defendeu a criação do parlamento. Para ele, "instâncias supranacionais podem auxiliar no desenvolvimento da autonomia dos países e na criação de uma identidade". Messias disse que os movimentos sindicais almejam a integração dos povos latino-americanos "para uma uniformidade econômica, cultural e política".
Ele descartou, no entanto, a parceria do Mercado Comum do Sul com a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que inclui Estados Unidos, México e Canadá. "O Mercosul cria a possibilidade de um desenvolvimento concreto sem estar submetido a um império. Alca, não. Mercosul, agora", afirmou o dirigente da CUT.
Manoel Messias e o deputado Doutor Rosinha participam do seminário "Encontro com o Mercosul", que está sendo realizado hoje em Salvador. Eles fazem parte de uma mesa de debates sobre o tema A Inclusão Social e o Futuro do Bloco Econômico.