IPC-S teve queda nos últimos 30 dias, apura pesquisa da Fundação Getúlio Vargas

29/04/2005 - 18h31

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), nos 30 dias compreendidos entre 24 de março e 23 de abril foi de 0,84%, mostrando queda de 0,06 ponto percentual em relação à taxa anterior.

Segundo informou hoje o economista André Furtado Braz, os preços administrados distribuídos nos grupos Habitação e Transportes contribuíram muito para a alta do IPC-S nos últimos meses, em especial entre março e abril. Essa pressão dos reajustes, contudo, já começa a mostrar um certo esgotamento, observou Braz. Isso significa que esses reajustes praticados nesse período já foram incorporados pelo índice, o que sinaliza que nas próximas apurações a contribuição desses preços administrados para a formação do IPC-S será decrescente. "Isso favorecerá um pouco a desaceleração do índice", analisou.

A influência do reajuste da passagem de ônibus urbano em São Paulo, ocorrido no dia 5 de março, mostra sinal de arrefecimento, o que ajudará na queda do grupo Transportes, que é uma classe de despesa que vem pressionando muito o resultado do índice final, disse Braz. Da mesma forma, no grupo Habitação foram captados pela FGV reajustes de telefonia móvel e taxa de água e esgoto, que também já mostram sinais decrescentes. "Isso também favorecerá a queda do grupo Habitação que nesse caso é o grupo que mais pesa no orçamento doméstico dentro do IPC Brasil".

Braz admitiu a possibilidade de que essa tendência garanta taxas menores no curto prazo, ou seja, nas próximas semanas. Em contrapartida, o grupo Alimentação, que é o segundo a pesar mais, mostra aceleração na taxa. "Tem uma pressão forte nessa classe de despesa, especialmente na parte do atacado, com relação a aumento de preços de soja e trigo, por exemplo, que são matérias-primas básicas para produção de alimentos industrializados. Então, essas pressões ainda chegarão ao varejo, com possibilidade de trazer alguma influência sobre o grupo Alimentação, sem falar na parte da entressafra do leite, também insumo para fabricação de outros produtos, como iogurtes, manteigas, queijos e isso deve contribuir também para aceleração do grupo Alimentação".

O economista afirmou que "no fechamento da conta veremos qual será a contribuição e o aumento captado pelo grupo Alimentação e as quedas do grupo Habitação e Transportes, fazer uma aritmética e com isso ver se o índice acaba sendo um pouco menor nas próximas edições".

No IPC-S até 23 de abril, o grupo Alimentação apresentou ligeiro recuo, passando de 1,23% para 1,21%, comandado pelas frutas, cuja variação mostrou queda substancial (de 5,86% para 3,28%), advertiu Braz. Ele destacou, entretanto, que não foram captadas ainda algumas pressões já percebidas no atacado. Por isso, acredita que ainda existe espaço para o leite subir um pouco mais, levando nesse movimento todos os derivados, da mesma forma que massas e farinhas, por conta do aumento da farinha de trigo, além de hortaliças e legumes e feijão.

Para a próxima apuração do IPC-S, Braz trabalha com a possibilidade de a taxa se manter no mesmo patamar ou até cair levemente, mesmo com a pressão do grupo Alimentação, porque as classes de Transportes e Habitação devem permanecer com recuo. Frisou por outro lado que essa tendência não será permanente, tendo em vista que a médio prazo existem alguns administrados novos mostrando reajuste. É o caso da eletricidade em Salvador e ônibus urbano no Rio de Janeiro. Isso, no futuro próximo, ou seja, no decorrer de maio, já deve começar a pressionar o IPC. Para a próxima semana porém, esse ainda não é um ponto de pressão, afiançou Braz.

No IPC-S de 23 de abril, os grupos Habitação e Transportes caíram, respectivamente, de 0,57% e 2,20% para 0,49% e 1,68%.