Dieese confirma aumento do poder de comprar cestas básicas com mínimo apontado por Lula

29/04/2005 - 19h00

Juliana Cezar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A tendência do aumento do poder de compra do salário mínimo em relação à cesta básica, citada nesta sexta-feira pelo presidente Lula, pode ser comprovada por estudos recentes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Em uma das capitais pesquisadas - Fortaleza - em março deste ano já era possível comprar duas cestas básicas com um salário mínimo. Em Salvador e Recife, isso já era quase possível.

Segundo o Dieese, a cesta básica é um dos indicadores mais importantes da condição de vida dos trabalhadores. Em 1994, época em que o Real foi criado, uma cesta básica custava mais do que um salário mínimo. Em 2000 um trabalhador que ganhava o piso nacional comprometia cerca de 73% do seu rendimento com a cesta básica e em 2004 esse percentual caiu para 68%.

Pesquisador do Dieese, José Maurício Soares, acredita que a partir do dia 1º de maio, com o aumento do salário mínimo de R$ 260 para R$ 300, a população de outras cidades também vai conseguir comprar duas cestas básicas, ou chegar próximo disso. "Todas as capitais do Norte e Nordeste, muito provavelmente quando chegar em maio, comprará duas cestas. Belém talvez não, mas as seis capitais do Nordeste que entram na nossa pesquisa muito provavelmente vão comprar", prevê o economista.

De acordo com ele, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia o trabalhador talvez não consiga comprar duas cestas básicas com um salário mínimo depois do aumento deste domingo, mas chegará perto disso. Em São Paulo, por exemplo, uma cesta básica custou em março R$ 175,87. Esse valor foi o mais alto do país, seguido por R$ 175,64 em Porto Alegre, R$ 167, 29 em Brasília e R$ 167,02 no Rio de Janeiro.

Em março, metade das 16 capitais onde o Dieese realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica apresentou recuo no custo dos gêneros alimentícios de primeira necessidade. As principais quedas ocorreram em Natal (-5,22%) e Vitória (-2,71%). Em outras oito cidades, foram verificados aumentos no preço do conjunto de produtos essenciais, os mais significativos em Belo Horizonte (4,31%) e Fortaleza (2,01%).

Para comparar o valor do novo salário mínimo com o preço da cesta básica em cada cidade pesquisada pelo Dieese, acesse http://www.dieese.org.br/rel/rac/racabr05.xml#.