Para associação de bancos, instituições não são beneficiadas por juros altos

28/04/2005 - 18h00

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O presidente da Associação e Sindicato dos Bancos do Rio de Janeiro (Aberj/ Sberj), Carlos Alberto Vieira, negou hoje que o sistema bancário seja beneficiado pela trajetória ascendente dos juros. Na sua opinião, essa tese não é verdadeira. "Pelo contrário. Quando as taxas de juros são muito altas, os clientes têm muito mais dificuldade de cumprir os compromissos, o risco cresce, e as perdas do sistema bancário, que de qualquer maneira são compensadas pelos ganhos, diminuem", afirmou.

Vieira disse que, se os riscos fossem minimizados, as taxas podiam também refletir isso. "Mas, nessa situação de taxas de juros elevadas, a liquidez piora, os prejuízos que serão compensados por juros também refletem esse processo, e é tudo perverso. Não há uma solução no mesmo sentido. São forças conflitantes que estão atuando".

Ele não acredita que o controle de taxa de juros exercido pelo Banco Central (BC) com o objetivo de evitar pressões inflacionárias resolva a situação, "enquanto o governo continuar explodindo os orçamentos". Argumentou que o governo teria uma outra opção. "Se ele acha que a taxa de juro está prejudicando o desenvolvimento e até mesmo a população deveria contribuir evitando a alta por meio de um processo de economia de gastos, ou seja, evitando gastos que estouram o orçamento, porque nesse momento as pressões inflacionárias vêm pelo excesso de liquidez e então o BC faz o seu dever".

Se o governo quiser evitar essa atitude agressiva do BC, a receita dada pelo presidente da Aberj/Sberj é que "basta que ele se contenha, gaste menos".